Tudo o que eu escrevo aqui é bastante pessoal, principalmente por
serem opiniões (sim eu sou uma garota cheia de opiniões!), sentimentos e frustrações
baseadas em experiências reais e muito minhas.
Em geral gosto de escrever para mim e para dar vazão à minha notória
ausência de filtro entre cérebro e a língua. Sim, ao invés de dizer na cara certas
coisas que não costumam ser bem compreendidas escrevo aqui meio que sem alvo
preciso e assim coloco para fora essa imensa necessidade que tenho de
compartilhar o que penso desde que aprendi a falar (a long time ago!!)
Meu lado (direito e esquerdo) cheio de opiniões está longe de
ser um consenso, pois muitos amigos e familiares, se irritam com ele, ainda
que, mesmo sem talvez darem-se conta, me amam também por isso (ou apesar disso).
É por isso que, após ter ouvido a vida
inteira que eu deveria falar menos e aprender a ficar quieta e ter crescido com
piadinhas jocosas (e doídas!) sobre isso, falar menos meio que se tornou a
minha missão de vida.
Foi aí que o Blog surgiu como uma alternativa ao que eu evitava
falar. Ideias, pensamentos sem endereço ou com endereço passaram a ser extravasadas
por aqui e isso me fez muito bem, mas ainda não estava colocando “tudo de mim”,
ou seja, evitando ir ao que era mais profundo e pessoal. Até o post anterior
sobre as tentativas da gravidez.
Tudo o que escrevi vinha me incomodando há meses. Me machucando
no íntimo e era compartilhado apenas com as meninas do grupo de tentantes que eu
sabia que viviam o mesmo e que sentiam coisas parecidas ou idênticas em muitos
casos.
Jamais pensei, no entanto, que receberia tanto apoio e feedback
de pessoas conhecidas e desconhecidas sobre isso. Uma multidão de mulheres
dividindo comigo suas dores. Recebi e-mails gigantescos contando sobre como
estavam se sentindo sozinhas e agradecendo por ter "botado a boca no
trombone". Muitas outras pessoas (homens e mulheres) também me procuraram
agradecendo por ter falado tudo isso para que eles refletissem sobre suas
palavras e como estavam magoando ao tentar ajudar.
Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo... Hoje vejo
muito mais sentido em tudo! É difícil! É sofrido entender o sentido das coisas quando
estamos no olho do furacão. Não entendemos
o porquê aquilo esteja acontecendo logo com você que fez tudo “certo”, que se
planejou, que esperou a maturidade necessária financeira e emocional. Você fica
se perguntando mil vezes: porque comigo? porque eu não consigo e tanta gente
consegue?
E quando você mais precisa de apoio as pessoas jogam ainda mais
a responsabilidade nas suas costas, chega a ser cruel! Já ouvi tanta coisa! Até
que era “castigo” por eu sempre ter priorizado a vida profissional! Claro que
na hora queria me enfiar no buraco mais fundo e de lá nunca mais sair! Passei e
repassei toda a minha vida e os meus planos para encontrar aonde foi que eu
errei. Se realmente a culpa era minha, o que eu deveria ter feito diferente...
noites insones, momentos de solidão profunda... mesmo no grupo, onde uma
parcela importante das meninas sempre sonhou em ser mãe é difícil entenderem
que essa nunca tinha sido uma prioridade para mim. Será que era mesmo castigo?
Será que eu não sou merecedora? Depois eu pensava porra a mulher que está
usando crack sem castigo, a adolescente dando com 14 anos também não, mas eu
por ter feito planos e priorizado a carreira por um tempo sou castigada??
Aquilo não fazia sentido... mas ainda assim machucava!
Após as várias mensagens que venho recebendo, ao sentir como as
minhas palavras apenas saíram da minha boca (ou do meu teclado) mas não eram só
minhas, tudo passou a ter um sentido maior!
Se a minha espera significa ter ajudado, ainda que um pouquinho,
mulheres como eu a se sentirem menos sozinhas isso já me consola e me dá forças
para continuar em busca do meu objetivo... de todos eles: pessoais,
profissionais e maternais!
Mas o mais interessante é que, indo além da questão maternidade
e tentativas, me dei conta de que há um sentido também em ser como sou. Em ter
recebido o dom da palavra que eu sempre considerei e me foi colocado como um
fardo! Como um problema e uma falha da minha personalidade a ser resolvido.
Não, eu não
vou me calar! Não, eu não vou mudar a minha essência e não apenas porque isso
por tantos anos me consumiu, mas porque muitas pessoas precisam e querem ouvir
o que estou dizendo pois estão passando pelas mesmas situações sozinhas e sem
amparo!
O sentimento
que me invadiu nos últimos dias foi de pura e profunda #gratidão.
Cumprindo minha missão de deixar de ser copo para ser lago...
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