sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sobre a gratidão...


Tudo o que eu escrevo aqui é bastante pessoal, principalmente por serem opiniões (sim eu sou uma garota cheia de opiniões!), sentimentos e frustrações baseadas em experiências reais e muito minhas.

Em geral gosto de escrever para mim e para dar vazão à minha notória ausência de filtro entre cérebro e a língua. Sim, ao invés de dizer na cara certas coisas que não costumam ser bem compreendidas escrevo aqui meio que sem alvo preciso e assim coloco para fora essa imensa necessidade que tenho de compartilhar o que penso desde que aprendi a falar (a long time ago!!)

Meu lado (direito e esquerdo) cheio de opiniões está longe de ser um consenso, pois muitos amigos e familiares, se irritam com ele, ainda que, mesmo sem talvez darem-se conta, me amam também por isso (ou apesar disso).  É por isso que, após ter ouvido a vida inteira que eu deveria falar menos e aprender a ficar quieta e ter crescido com piadinhas jocosas (e doídas!) sobre isso, falar menos meio que se tornou a minha missão de vida.

Foi aí que o Blog surgiu como uma alternativa ao que eu evitava falar. Ideias, pensamentos sem endereço ou com endereço passaram a ser extravasadas por aqui e isso me fez muito bem, mas ainda não estava colocando “tudo de mim”, ou seja, evitando ir ao que era mais profundo e pessoal. Até o post anterior sobre as tentativas da gravidez. 

Tudo o que escrevi vinha me incomodando há meses. Me machucando no íntimo e era compartilhado apenas com as meninas do grupo de tentantes que eu sabia que viviam o mesmo e que sentiam coisas parecidas ou idênticas em muitos casos.

Jamais pensei, no entanto, que receberia tanto apoio e feedback de pessoas conhecidas e desconhecidas sobre isso. Uma multidão de mulheres dividindo comigo suas dores. Recebi e-mails gigantescos contando sobre como estavam se sentindo sozinhas e agradecendo por ter "botado a boca no trombone". Muitas outras pessoas (homens e mulheres) também me procuraram agradecendo por ter falado tudo isso para que eles refletissem sobre suas palavras e como estavam magoando ao tentar ajudar.

Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo... Hoje vejo muito mais sentido em tudo! É difícil! É sofrido entender o sentido das coisas quando estamos no olho do furacão.  Não entendemos o porquê aquilo esteja acontecendo logo com você que fez tudo “certo”, que se planejou, que esperou a maturidade necessária financeira e emocional. Você fica se perguntando mil vezes: porque comigo? porque eu não consigo e tanta gente consegue?

E quando você mais precisa de apoio as pessoas jogam ainda mais a responsabilidade nas suas costas, chega a ser cruel! Já ouvi tanta coisa! Até que era “castigo” por eu sempre ter priorizado a vida profissional! Claro que na hora queria me enfiar no buraco mais fundo e de lá nunca mais sair! Passei e repassei toda a minha vida e os meus planos para encontrar aonde foi que eu errei. Se realmente a culpa era minha, o que eu deveria ter feito diferente... noites insones, momentos de solidão profunda... mesmo no grupo, onde uma parcela importante das meninas sempre sonhou em ser mãe é difícil entenderem que essa nunca tinha sido uma prioridade para mim. Será que era mesmo castigo? Será que eu não sou merecedora? Depois eu pensava porra a mulher que está usando crack sem castigo, a adolescente dando com 14 anos também não, mas eu por ter feito planos e priorizado a carreira por um tempo sou castigada?? Aquilo não fazia sentido... mas ainda assim machucava!

Após as várias mensagens que venho recebendo, ao sentir como as minhas palavras apenas saíram da minha boca (ou do meu teclado) mas não eram só minhas, tudo passou a ter um sentido maior!

Se a minha espera significa ter ajudado, ainda que um pouquinho, mulheres como eu a se sentirem menos sozinhas isso já me consola e me dá forças para continuar em busca do meu objetivo... de todos eles: pessoais, profissionais e maternais!

Mas o mais interessante é que, indo além da questão maternidade e tentativas, me dei conta de que há um sentido também em ser como sou. Em ter recebido o dom da palavra que eu sempre considerei e me foi colocado como um fardo! Como um problema e uma falha da minha personalidade a ser resolvido.

Não, eu não vou me calar! Não, eu não vou mudar a minha essência e não apenas porque isso por tantos anos me consumiu, mas porque muitas pessoas precisam e querem ouvir o que estou dizendo pois estão passando pelas mesmas situações sozinhas e sem amparo!

O sentimento que me invadiu nos últimos dias foi de pura e profunda #gratidão.

Cumprindo minha missão de deixar de ser copo para ser lago...

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