quinta-feira, 30 de julho de 2015

Sobre liderança, inspiração e amizade!

Nunca vou me esquecer do dia em que fiz a entrevista final na Philip Morris Brasil para a vaga de estagio que mudaria os rumos da minha vida. Eu vinha de 4 anos de inadimplência e sucessivas negociações para pagar uma suada faculdade, inúmeros empregos e bicos por aí e muita muita gastrite ao longo do processo. Além de tudo isso e da importância que aquela entrevista tinha para mim, lembro como se fosse hoje a imagem das minhas duas entrevistadoras: duas mulheres lindas e poderosas que representavam tudo o que eu desejava ser um dia e que me fizeram ter certeza de que aquele era o estágio dos meus sonhos! E foi! Aprendi com elas a ser uma profissional que busca a excelência e a ética, que se preocupa com o cliente acima de tudo e a revisar mil vezes um trabalho antes de entregar #ansiedadequasenada. Foi também com elas que desenvolvi meu pensamento sistêmico e olhar estratégico para que eu fosse muito mais do que apenas mais uma advogada no departamento jurídico. Ao longo de nossos anos de convivência nunca entendia e nem acreditava muito quando elas me diziam o quanto me admiravam e aprendiam comigo também! Pensava: “Ah ta! Ahammmmmm!! Até parece que euzinha tenho algo a ensinar para mulheres como elas” 

Foi só quando tornei-me eu mesma líder que compreendi o que queriam dizer! Ao longo da minha não tão longa mas intensa carreira corporativa tive cerca de 20 liderados diretos e indiretos e é incrível como de fato aprendi muito com cada um deles. 


Hoje, a minha “última” liderada (já que abandonei essa vida!) está se formando e eu tenho o prazer de participar desta festa um tanto emocionada, muito orgulhosa e certa de que os caminhos que a aguardam serão brilhantes e repletos de inúmeros aprendizados e experiências entusiasmantes. Semana que vem uma outra amiga e ex-liderada se casa e me sinto extremamente honrada por poder chamá-la de amiga ainda hoje quase 2 anos após termos nos separado profissionalmente e por ter sido convidada a participar desse momento tão especial! 




Esses dois casos de mulheres inspiradoras, competentes e brilhantes que de alguma forma e por alguma razão tem em mim uma fonte de admiração pura e lisonjeadora me fizeram finalmente compreender o significado das palavras anteriormente enigmáticas. Liderar é incrível justamente por isso! A troca é tão grande e vez por outra você se depara com alguém que te faz ter a certeza de que tudo vale a pena! Alguém que te faz brilhar o olhar e que te motiva a dar o seu melhor mesmo quando o ambiente ao seu redor é absolutamente desmotivador. Alguém que precisa da sua força e do seu comprometimento para desenvolver-se e em troca te propicia a certeza de que você está no caminho certo por ter ajudado de alguma maneira a formar profissionais tão maravilhosas!

Bem, no caso das minhas musas, ambas acabaram se tornando eternas amigas e confidentes mesmo depois de termos tomado rumos corporativos diferentes em momentos distintos e, ainda hoje, a admiração continua sendo mutua! 

E isso é só o que eu espero para essas minhas pequenas grandes amigas: que sejam sempre essas pessoas dispostas a aprender, a absorver mas também a posicionar-se a se expor! Que continuem cheias de garra e motivação e do desejo de fazer diferente! Que sejam mais do que líderes para suas lideradas e que estejam dispostas a aprender sempre como eu aprendi e aprendo com elas! Que não percam nunca a capacidade de sonhar e principalmente que continuem na minha vida pois são verdadeiras fontes de inspiração e conforto! 

E ainda tem gente que me pergunta como é que eu AMO trabalhar com gestão de pessoas?!! Tem algo melhor do que ser paga para encontrar e fazer amizades lindas e verdadeiras?











Dedicado à Patricia, Fábia, Aline e Priscila com muito carinho e a todos e todas que me inspiram e se inspiram em mim em uma troca continua de boas vibrações! 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Sobre o ativismo e a empatia




Muito antes de existir Facebook eu já era assídua frequentadora de discussões e como já falei aqui nunca fui de “arregar” e só costumava parar de argumentar quando achava que tinha convencido o interlocutor. Com o tempo descobri que na maior parte das vezes a única coisa da qual a pessoa tinha se convencido era de que me dar razão aparentava ser a saída mais fácil e, por vezes, de que eu era chata para cacete. O amadurecimento me fez aprender também que ninguém se convence com agressividade e tom professoral ou condescendente e que ouvir muitas vezes é o melhor caminho para o diálogo. Minhas discussões começaram então a ser divididas entre: 1) “quero mostrar um ponto diferente para esta pessoa que eu amo/aprecio/admiro”; 2) “acho que não vamos chegar a lugar nenhum então melhor não discutir esse tema pois pode agredir! Vamos falar de coisas que nos unem”; 3) “quero só que esse imbecil saia da minha frente e pare de falar asneira”; e 4) “to cagando, deixa esse bosta falar o que ele quer”. Isso se tornou ainda mais necessário ao me descobrir feminista, estudar cada vez mais o assunto e circular mais e mais nesse meio que é, e deve ser, por natureza combativo. Em uma releitura do “ser feliz ou ter razão” comecei a me perguntar o que eu desejava: brigar com todos os meus amigos e familiares ou mudar o mundo?

Posicionar-se é imprescindível! Ter coerência também, mas o que tenho visto excessivamente nos discursos é uma completa falta de empatia com o ser humano do lado de lá! Sim, do lado de lá temos pessoas com opiniões divergentes muitas vezes difíceis de serem engolidas mas não podemos esquecer que pessoas são mais do que pautas ideológicas e argumentação política! Pessoas tem histórias, dores e sofrimento! Pessoas tem intenções muitas vezes nobres embora possam agir de forma equivocada ou mal informada! Pessoas tem sentimentos e os ataques contínuos apenas nos distanciam e nos isolam em feudos ideológicos que dificilmente trarão os resultados esperados no menor espaço de tempo desejado. E isso vale para todas as pessoas, inclusive machistas, racistas e preconceituosas. Quem sou eu para pegar a minha varinha de feminista e sair atacando machistas quando eu mesma até pouco tempo reproduzia inúmeras atitudes altamente machistas? Quem sou para julgar a pessoa que a vida inteira cresceu imbuída de conceitos racistas e preconceituosos e dizer que elas não merecem viver? Quem sou eu? Pessoas podem ser racistas e homofóbicas e altamente honestas e éticas, assim como ativistas de esquerda que defendem a igualdade e fraternidade aos quatro cantos podem ser machistas e misóginas. Feministas podem ser corruptas e ativistas do Greenpeace podem estar neste momento batendo em seus filhos! Sim, porque ninguém é SÓ uma coisa! Todos somos múltiplos e complexos e rótulos distanciam justamente porque a pessoa não se identifica com o que o limita a algo que não a descreve corretamente. 

O caso Gregório Duvivier e do vídeo infeliz do Porta dos Fundos sobre o universo trans é um bom exemplo disso. Não estou aqui querendo justificar atitudes imbecis reiteradas como as do Danilo Gentili, por exemplo, mas os ataques que li ao Gregório para mim foram um bom exemplo da demonização do ser humano ao invés da crítica ao argumento, ao erro, ao fato em si! Ok, o vídeo é ruim! Ok, ele errou! Mas isso anula tudo de bom que ele tem feito? Isso anula por completo as intenções? Acredito que não! E mais: acredito que esse tipo de ataque apenas isola e afasta quem está bem intencionado e desejando apoiar seja lá qual for a causa!

Uso esse exemplo apenas para ilustrar algo sintomático em inúmeros debates inclusive e, talvez principalmente, por parte dos ativistas. Tenho entrado em muitas páginas feministas e de movimentos negros e LGBTs e vejo muita agressividade dirigida à pessoa e não ao argumento. Vejo também muito despreparo técnico para a resposta fundamentada. Não é porque você é de esquerda e feminista ou negra que pode responder com “porque sim e cala a boca seu macho de merda” a uma ponderação sensata e indagativa! Eu entendo a agressividade e até a endosso mas não creio realmente que rotular as pessoas de “A” ou “B” nos ajude a chegar a lugares muito interessantes. A luta é normal e o sentimento do oprimido contra o opressor é justificado mas na minha luta prefiro acreditar que estender a mão e acolher é muito mais efetivo do que dar o troco na mesma moeda.

Um outro caso que me chamou atenção foi uma discussão num grupo de mães sobre o texto da escritora queafirmou se tornar uma mãe melhor ao fumar maconha. Muito bem, os comentários se dividiram entre: julgar a mulher que fuma maconha como uma irresponsável ou julgar as que a julgavam como hipócritas viciadas em antidepressivos. Gente, sério, a discussão poderia ser tãaaaaaao mais interessante... a troca de experiência então nem se fala! Mas, ao optarmos por julgamentos (normalmente rasos) caímos em falácias e equívocos como o de tachar mulheres com depressão e que fazem uso de remédio de “patricinhas mimadas” e mulheres que apoiam o uso da maconha de “naturebas irresponsáveis”. E o mesmo ocorre quando se fala de qualquer assunto: parto, amamentação, criação, voto, estilo de vida, crenças, futebol e por aí vai!


Somos todos seres falhos e apontar dedos para as pessoas o tempo inteiro além de ser simplista, já que as coloca em caixas que não as definem por inteiro, é extremamente perigoso para a nossa própria coerência. É o famoso cuspir pra cima! Eu já julguei muito e já quebrei muito a cara me vendo na situação exata que anos antes estava julgando! Na busca pelo autoconhecimento e como coach minha missão é aplicar o julgamento zero! Claro que é muito difícil, se não impossível, mas necessário, diria até imprescindível de ser buscado. O julgamento é inerente à nossa condição humana e social mas o esforço de desconstrução e autoavaliação para então exercer a empatia e a compaixão é o passo que todos precisamos dar.

Quem me conhece ou me acompanha há algum tempo pode estar estranhando esse posicionamento já que continuo tendo opiniões fortes e bem definidas, inclusive públicas, mas a discussão aqui é o julgamento e a falta de empatia às pessoas! Eu não tenho e continuarei não tendo qualquer tolerância com argumentos machistas, racistas, preconceituosos em geral, mas tenho tentado sempre exercitar a empatia pela pessoa que os profere e entender o porquê daquele posicionamento antes de gostar ou desgostar de alguém. É o famoso condenar o “pecado” e não o “pecador”. Ressalvadas as exceções, grande parte das pessoas tem uma história de vida singular que explica sua visão de mundo e seu posicionamento e compreende-los certamente é uma chave muito mais efetiva ao diálogo e ao entendimento do que simplesmente atacá-la e rotulá-la. “Nossa, como você consegue ser amiga daquele cara fã do Bolsonaro?” “Afe, não acredito que fulaninha compartilhou um post do Olavo de Carvalho e você ainda a defende”. “Ai agora você fica defendendo comunista??? Vende o seu iphone então!” “Petista, safado e corrupto”. “Playboy fútil”, “Perua deslumbrada” “Homem é tudo isso” “mulher é tudo aquilo” são algumas das afirmativas que tenho ouvido e que geraram esse post.

Já venho falando sobre isso aqui e no meu post mais “popular” o que eu considerava um convite à reflexão interna acabou me gerando uma série de ataques completamente infundados que na época me levaram a refletir também sobre como EU estava enxergando as pessoas “sem noção” da minha timeline.  

Meu convite a todos e todas é então para que possamos debater sim, posicionarmo-nos com certeza, abraçar causas e bandeiras se assim desejarmos, mas para que o façamos com respeito ao ser humano de lá! Que exercitemos empatia pelo mensageiro ainda que repulsa pela mensagem! Sei que não é um exercício nada fácil! Acreditem, eu sou a pessoa menos propensa a esse tipo de prática. Desde que me entendo por gente recebo feedbacks me descrevendo como mandona, intolerante a opiniões divergentes e “alguém que tenta impor a sua opinião nem que para isso tenha que discutir o dia inteiro” (sim isso veio no meu boletim da terceira série!). Mas acredito que quanto mais difícil a prática da empatia e da compaixão mais necessária ela será para mim! Como disse Madre Teresa, “todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão”. Posso assegurar que o caminho é árduo e o exercício é diário, mas a recompensa e a gratificação do genuíno debate, do amor e acolhimento, de trazer para o diálogo pessoas que eu jamais imaginei que concordariam comigo sobre determinados temas é indescritível.

Finalizo então com um grande líder que nos provou o poder do discurso e da luta pacífica ainda que com uma agenda clara e bem posicionada!


Através da violência você pode matar um assassino, mas não pode matar o assassinato. Através da violência você pode matar um mentiroso, mas não pode estabelecer a verdade. Através da violência você pode matar uma pessoa odienta, mas não pode matar o ódio. A escuridão não pode extingüir a escuridão. Só a luz pode. – Martin Luther King 


segunda-feira, 13 de julho de 2015

E viva a vida!



Eu nasci em uma sexta-feira 13 de lua nova! Nada mais propício para o início de um novo ciclo tão importante! Eu nasci canceriana, com ascendente em libra e lua em capricórnio. Nada mais indicativo da minha personalidade do que esse trio de água, ar e terra! Eu nasci sonhadora, gentil e preocupada com todos ao meu redor e cresci independente e decidida! Perdi um pouco da doçura pelo caminho mas não a capacidade de sonhar com um mundo melhor. Eu nasci teimosa e destemida mas aprendo todos os dias das formas mais variadas possíveis a ouvir e aceitar a opinião dos outros e o fato de que algumas poucas vezes eu estou errada! #contemironia 

Eu vivi intensamente todos os meus amores e paixões, fossem eles o meu namorado que virou marido, as minhas amizades às quais dediquei sempre o melhor de mim (que pode ou não ter sido suficiente), minha carreira para a qual entreguei suor, lágrimas, inspiração e anos de trabalho duro! 

Eu vivi 31 anos fazendo planos e organizando coisas: estudos, carreira, viagens, festas de aniversário, jantares e surpresas! Foram 31 anos me preocupando! 31 anos me sentindo responsável, mas também 31 anos amando, abraçando, beijando e cruzando olhares de afeto! Foram 31 anos de lindas amizades, muita parceria e gargalhadas até altas horas! Muita gente, muitos lugares e incríveis sabores. Muitas dores? Sim, também! Mas me fizeram crescer, me tornaram quem eu sou, com defeitos, qualidades e contradições únicas!  

E hoje, ao entrar no 32º ano me vejo em uma vida bem diferente da que imaginava que teria 10 anos atrás! A garota do plano A, B e C jamais imaginou como os planos D, E e F poderiam ser surpreendentemente deliciosos! 

E para os próximos 31 anos eu desejo apenas que eles sejam ricos de experiências engrandecedoras, de propósito e de aprendizado! Desejo ter menos planos e mais surpresas lindas como as que a vida sempre me proporcionou mesmo eu teimando em não confiar! Desejo mais amores e paixões: sejam livros, filmes, amigas, animais, lugares de tirar o fôlego! 

E para celebrar esse dia e a vida, tomo emprestadas as palavras da Martha Medeiros para concluir que hoje, aos 31 anos completos estou mais viva do que nunca! E "já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar".

Gratidão! 


"Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja quem não lê quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar". 
















quarta-feira, 8 de julho de 2015

Coragem, para que te quero?


“Nossa que coragem!” é o que mais ouço sobre o novo rumo que estou dando à minha vida. Alguns com admiração, mas muitos enxergam neste meu desvio de rota algo quase insano (sim, coragem tem sido eufemismo de loucura)! Coragem, pensam, abandonar uma carreira que me proporcionava uma renda fixa atraente e uma suposta estabilidade pela incerteza de empreender. Coragem de trocar o “certo pelo incerto” e arriscar perder um padrão conquistado às custas de muito suor e lágrimas.

Pensando sobre isso no avião para São Paulo os sentimentos me transportaram a quando saí de Curitiba para encarar um desafio profissional e senti exatamente o mesmo tipo de espanto! Olhares que me questionavam por estar “abandonando meu marido” e trocando “um emprego seguro” no qual eu havia acabado de ser promovida por “uma aventura profissional que poderia custar-me o casamento”. Lembrei o quanto me chamaram de “corajosa” por sair do Centro Cívico para uma velha fábrica em Mauá para onde por um bom tempo fui de trem. Lembrei de como a qualquer mínima reclamação ouvia: “Ué, não era isso que você queria? Agora aguenta!”

Cheguei então à fila do táxi de Congonhas, me dirigi à do ônibus, olhei por trás do meu ombro e me vi ali: de salto alto, terninho, fuçando no Blackberry e esperando... e sorri! Sorri ao me dar conta de que tudo que parecia insano tinha me rendido uma trajetória de sucesso. Sorri pois os mesmos que me chamaram de louca meses mais tarde “não acreditavam na sorte que tive” ao ser promovida a head da área jurídica em menos de 1 ano.  Sorri com a certeza de que assim como lá atrás meu esforço, dedicação e confiança resultaram em crescimento e oportunidades, não tenho razões para acreditar que agora seria diferente!

Falo sempre para as coachees quando estão inseguras em seus planos após algum “iluminado” aparecer cheio de argumentos para “trazê-las à realidade e tirá-las do romantismo que não paga contas”, que essa retórica tem mais a ver com as frustrações e medos do mensageiro do que com a capacidade delas de realizarem seus sonhos mas que medo e insegurança também fazem  parte do processo! Comigo não é diferente! Houve e há momentos em que sinto um frio na barriga que me faz passar fisicamente mal. Há outros em que me pergunto se não deveria ter ficado no emprego seguro no qual havia sido recém promovida. Tive e ainda terei momentos difíceis: trens lotados, apertos financeiros, nãos, olhares de reprovação e quem aposte no meu fracasso. Mas prefiro focar no aprendizado, experiência, desafios e reconhecimento! Apegar-me aos que torcem e vibram comigo a cada conquista e reforçam sua confiança em mim quando a minha própria está abalada. Mais do que tudo agarro-me a mim mesma!

O autoconhecimento nos traz uma certeza serena não apenas do que queremos mas das ferramentas que temos à nossa disposição, daquelas que podem nos atrapalhar e também como contorna-las! Não se trata de coragem mas de confiança e planejamento! Não é um tiro no escuro apostar em nós mesmas! Não é um risco acreditar que somos capazes após nos olharmos de verdade e conhecermos e manejarmos nossas habilidades e defeitos a nosso favor!

Ainda não “cheguei lá” para contar uma história de sucesso mas quem já teve que lidar com problemas de gente grande desde os 4 anos, mudou de país 2 vezes contra sua vontade, andou 10km para economizar e comer uma coxinha e nunca sabia se aquele semestre seria o último que poderia pagar, não pode se assustar com qualquer coisa! Posso me estrepar, ter que recomeçar uma, duas, dez vezes, mas serei eu e apenas eu a ditar os rumos da minha vida e do meu sucesso! E para as inseguranças e frustrações dos outros recomendo: beijo na boca (ou no ombro!), brigadeiro, cafuné e muito autoconhecimento!


Post de estreia da minha colaboração com o Empreendedorismo Rosa 

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Mulher não nasce para ser mãe!


Então que em algum dos vários grupos de mulheres dos quais faço parte me deparo com um texto sobre a maternidade que tinha algo próximo de 40 mil curtidas e 30 mil compartilhamentos. Resolvi conferir! Meu coração que já estava apertado por conta da votação da maioridade penal em andamento ficou em frangalhos. Sei que esse tema é polêmico pacas e que podem chover comentários dizendo que “só vou entender quando eu for mãe” mas não posso deixar passar a oportunidade de alertar como textos (e pensamentos) como estes são parte importante dos duros grilhões que aprisionam a todas nós mulheres (mães ou não). Algemas que nos colocam em um ciclo enorme de frustração, culpa e depressão. Certamente o texto foi escrito na melhor das emoções e intenções e evidentemente tocou o coração de milhares de mulheres, mas, como diria o poeta: "de boas intenções..."  

Meu primeiro instinto foi uma vontade enorme de dizer: “miga, que raio de ser alienado você era antes de ser mãe?” Sério, quem é que anda por aí tranquila, sem cobranças e sem preocupações, passando horas na frente do guarda roupa e depois mais horas na frente do espelho se maquiando e combinando sombras? Oi? Tem conta para pagar não? Mãe doente, briga com o marido, demissões, trabalho pressionando? Nada? Sem falar que me desculpe mas não precisamos ser mães para não dormir tá! Insônia por aqui bate ponto desde 2001 PELO MENOS! 

Mas enfim, eu poderia estar me apegando às generalizações bobas do texto ou gastando caracteres com tudo que eu achei bizarro (tipo tudo!) mas vou apenas alertar para o que realmente me preocupou e para como duas frases ao final que podem parecer lindas e emocionantes escondem perigos seríssimos.
“Antes de ser mãe eu não tinha um motivo para viver... 💖 .... Agora eu tenho...
A maternidade não te mudou! A maternidade te mostrou como você verdadeiramente é!
A mulher nasce para ser MÃE... A maternidade existe para revelar a sua essência" 



Acreditar que um filho é a nossa razão de viver anula por completo o ser humano MULHER que está ali e também tem necessidades e desejos e ainda faz com que tamanhas expectativas sejam colocadas sobre um pequeno ser que quase nunca irá corresponde-las à altura. Esse tipo de crença provavelmente seja a razão de 9 de 10 mães apelarem para o discurso: “depois de tudo que eu fiz por você...”

E o que tudo isso gera? Culpa! Culpa! Culpa! Culpa nas mães que não se sentem tão plenas quanto esse tipo de texto prega! Culpa naquelas que, por acharem que assim deveriam sentir-se e para isso deveriam dedicar-se, abandonam suas carreiras e tudo que lhes dê prazer e não seja focado na maternidade! Culpa nas crianças que não atendem as expectativas e se tornam adultos frustrados! Culpa nas mulheres que não conseguem ser mães e acreditam que não estão cumprindo seu papel no mundo. Não preciso nem dizer quem é que está andando por aí assobiando com a mão no bolso bem feliz e livre de culpa né?! 



Mas porque isso é tão importante? Porque a culpa e a frustração são os sentimentos que mais assolam as mulheres nos dias de hoje! Minhas clientes e as mulheres com quem converso estão sempre se sentindo “menos”. Estão sempre culpadas por algo! Inúmeras delas são corroídas pela crença de não estarem atendendo o que se espera delas nesse “papel tão nobre” e passam a vida tentando se justificar com discursos chatissimos #nãosoumenasmain em grupos de mulheres como esse em que este texto foi postado!

E como a minha vida anda cheia de sincronicidades interessantes, não pode ser por acaso eu me deparar com essa reflexão toda logo enquanto me preparo para co-facilitar um programa de coaching e autoconhecimento para mães com o objetivo justamente de aliviar a culpa e resgatar a individualidade!

Mães, mulheres, irmãs vocês são SERES DOTADOS DE INDIVUDALIDADE! Ter filhos é um papel lindo e nobre e certamente é maravilhoso mas não é o único e não é a razão da sua vida e nem deveria ser! A razão da sua vida está ligada a você e ao seu propósito! Ser mãe pode sim ser o SEU propósito mas pode não ser e está tudo bem! Em uma sociedade que adora nos relegar ao status de mera reprodutoras precisamos defender com unhas e dentes a maternidade eletiva e não a imposta

Você pode e deve ser feliz com ousem filhos e ir em busca da realização dos seus sonhos e desejos independente do que imposições sociais nos coloquem! Você não precisa ser perfeita e você não precisa ser a Mulher Maravilha!

Eu quero muito ser mãe e isso não é segredo para ninguém mas eu NÃO NASCI para ser MÃE e eu tenho INÚMEROS motivos para viver! Eu quero ser mãe para que eu some a el@ e el@ a mim! Eu quero ser mãe para repassar valores que acredito serem importantes! Eu quero ser mãe por "n" razões e nenhuma delas é para me sentir plena ou mais completa! E tudo isso que escrevo aqui reflete o fato de eu também já ter sido vítima dessa cobrança, desse julgamento, dessa imposição! 

Afirmar que ser mãe é o maior e melhor papel que uma mulher irá desempenhar e o único que irá “revelar sua essência” coloca aonde mulheres como Madre Teresa? E nem precisa ir tão longe... tantas outras mulheres maravilhosas e que optaram ou não puderam ter filhos deveriam então entregarem-se ao desconsolo e sentirem-se inúteis para o resto da vida como muitos sugerem? Estaria a autora sugerindo o meu suicídio? #contémironia

Textos como esse me dão ainda mais vontade de trabalhar em prol do empoderamento feminino e do autoconhecimento de mulheres para que resgatem sua essência, para que sejam mães e mulheres felizes e realizadas e não olhem para seus filhos com a cobrança imensa que leva tantos e tantas aos consultórios psiquiátricos e de psicólogos!