sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Man in the Mirror - Uma reflexão pré eleitoral

Em homenagem ao que seria o aniversário de 56 anos de um dos maiores artistas que a humanidade já viu por aqui, uma música que traz uma mensagem de importante reflexão para esta sexta-feira cinzenta principalmente em um período eleitoral. 

Não é fácil andar por aí vendo tanta injustiça, falta de humanidade e desamor. Nos sentimos desesperançosos e, em tempos de redes sociais e smartphones, reclama-se muito de tudo e de todos a todo o tempo. 

Ao correr os dedos pela timeline do meu facebook (especialmente em época de campanha eleitoral quando surgem os entendidos de 2 em 2 anos) pergunto-me como é que o mundo é um lugar ainda tão cinzento e escorregadio, se todas as pessoas são tão justas e indignadas com as desigualdades e desonestidades cometidas pela classe política. Ler o facebook em alguns momentos é como assistir programa eleitoral. Os problemas parecem todos de tão fácil resolução e todos parecem tão honestos e de retidão inquestionável que fica no o ar o porquê de ainda estarmos expostos a tantos absurdos impregnados em nossas entranhas sociais. 

E aí me deparo, neste momento, nostálgica que estou de um cantor que tanto aprecio, com a obvia e ululante resposta: a única forma de mudar o mundo é mudarmos a nós mesmos e a mudança só funciona quando é de dentro para fora! 

Falta olhar para si para apontar defeitos e olhar para fora com mais carinho e menos julgamento! Falta se olhar no espelho e enxergar a própria podridão e sordidez e, ao invés de apontar sempre os mesmos culpados, responder-se com a sinceridade mais cruel possível: o que VOCÊ aí do espelho está fazendo para mudar o mundo?

Está pagando seus impostos? Ou está dando “jeitinho”? Quantas vezes usou o acostamento esse ano “porque estava atrasado”? E as filas? E aquele favor que o teu amigo/parente que trabalha na repartição X te quebrou? Ahhh mas era porque no seu caso de fato era muito importante, né?

E como está educando seus filhos? Fala que é não é machista, mas acha que mulher não pode “dar por aí” e que a sua filha tem que ser “menina para casar” enquanto seu filho é o garanhão da faculdade? Ou, se diz não homofóbico, mas não deixa seu filho fazer ballet “porque é coisa de menina ou de boiola?” É contra o Bolsa Família porque é populista e não ensina a pescar, mas dá aquela contribuição mensal a uma instituição de caridade porque é mais fácil do que ir lá ajudar semanalmente? Ou nem isso? É contra a desonestidade, mas cola na prova? E quantas músicas e filmes já baixou esse mês sem pagar pelos direitos autorais?

A lista de exemplos de hipocrisia com a qual nos depararíamos olhando com mais atenção para nós mesmos é imensa. E necessária se quisermos de fato que o mundo se torne um lugar melhor!  

Michael Jackson foi um ídolo de imensa dicotomia também, mas colocou em lindas palavras e emocionante melodia uma mensagem que permanecerá atual por muitos e muitos séculos após a sua morte:

"I'm starting with the man in the mirror
I'm asking him to change his ways
And no message could have been any clearer:
If you wanna make the world a better place

Take a look at yourself and then make a change" 


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ouro de Tolo

Quem nunca sentiu um enorme vazio mesmo aparentemente tendo "tudo"? Quantos de nós sonhamos por anos em escalar a complicada montanha da hierarquia corporativa e ao chegarmos lá nos perguntamos: é só isso?!! com um grande ar de decepção? Quantos, neste momento entenderam exatamente o sentido por trás do clichê de autoajuda tão piegas quanto verdadeiro: a felicidade está dentro de nós independentemente do ambiente externo, do dinheiro, da fama, do poder.

ESTAR feliz é um estado de espírito e o desafio maior não é conquistar as coisas e as pessoas, mas a nós mesmos. E como diria aquela música trollagem da nossa infância: "parece fácil, mas é difícil, um belo dia você vai ter que aprender" se não quiser passar a vida correndo atrás do vento.

Essa letra do Raul já me inspira no título. Ouro de tolo... que somos todos, buscando fora o que já temos dentro... passando para outra pessoa, outra coisa, outro cargo, outra vida a responsabilidade pela nossa felicidade. E nos sentindo culpados quando alcançamos tudo que achávamos que a traria até nós, mas percebemos que a tal da felicidade não se apresentou.

Tolos que não se dão conta de que a tristeza e a dor são apenas o outro lado da felicidade. A sombra que permite que a luz brilhe.

Ruim mesmo é o vazio... o nada... a ausência de algo que não sabemos o que é... e que nos faz correr atrás do vento numa vã tentativa de alcançar o que nos acompanhou o tempo todo...

Toca Raul!


Ouro de Tolo

Raul Seixas

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome
Por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "E daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador
Ah!
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador

https://www.youtube.com/watch?v=-pbC1QNXTEI

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sexta com poesia...

eu hoje quis
desfazer os planos
pensei até
em cometer
enganos
há tanta vida
pra
poucos anos


Bruna Mazanek 


Inspiração

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Gente que inspira - Robin Williams



Excepcionalmente a coluna de hoje será sobre alguém que não tive a possibilidade de conhecer, mas cuja figura me acompanhou em grande parte da minha existência através de filmes que marcaram a minha vida de maneiras muito diferentes e igualmente profundas.

Ao tomar conhecimento da morte de Robin Williams na segunda-feira (11), na Califórnia, aos 63 anos por um suposto suicídio meu coração entristeceu. Não apenas pelo ser humano Robin, que obviamente não deve ser confundido com as maravilhosas personagens interpretadas, mas também por tantos outros seres humanos tão pulsantes, talentosos e “privilegiados” quanto ele que infelizmente não conseguem vencer a batalha contra a depressão e o abuso de substâncias químicas que muitas vezes existe apenas para aliviar a primeira.

Um dos artistas mais queridos e engraçados de Hollywood, Robin Williams sofria de depressão profunda e lutava contra a dependência de álcool e cocaína há anos. Chegou a ficar 20 anos sóbrio quando, após uma recaída, se internou voluntariamente em uma clínica em 2006.

Robin Williams desfrutou do sucesso que milhões almejam e pouquíssimos alcançam. Carimbou seu nome como um dos mais importantes do cinema internacional e seu rosto jamais será esquecido pelas incríveis atuações que inspiraram a tantos. Ao mesmo tempo, teve uma turbulenta vida pessoal, lutando contra problemas de saúde, alcoolismo e passando por dois divórcios.

A reflexão a que me traz mais uma vez essa tragédia é como a felicidade realmente não está atrelada à fama, sucesso e dinheiro, ao contrário, muitas vezes esses fatores podem reverberar mais ainda inquietações profundas da existência humana.  

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

E esse tal de amor próprio?

Que mulher nunca ouviu de alguma tia, mãe, vó ou amiga: “querida, para um relacionamento dar certo, o homem precisa gostar mais da mulher do que a mulher do homem...”

A quantidade de conceitos destrutivos e machistas concebidos nesse inócuo conselho sempre me incomodou, principalmente pelo fato de eu ter escolhido estar ao lado de alguém que amo de uma maneira tão intensa e profunda que sequer consigo imaginar o que viria a ser um amor maior do que esse.

Parte-se do pressuposto de que mulheres amam mais e, portanto, para equilibrar essa equação é preciso desequilibrar a quantidade de amor distribuída no relacionamento.

Essa mensagem é tão equivocada para as mulheres quanto para os homens. A mensagem que passa à mulher é de que ela nasceu para ser cuidada. Ao homem, desvaloriza a mulher que o “ame mais”, pois esse não é o fluxo correto das coisas.

Existem até grupos de apoio para mulheres que amam demais. Entendo a mensagem e sentido dos grupos, mas discordo da semântica. Mulheres (ou homens!) afundadas em relacionamentos destrutivos, muitas vezes em ciclos de co-dependência não amam. E digo isso por uma simples razão: não se pode dar a alguém o que não temos em primeiro lugar por nós mesmos.

Pessoas que se enquadram no perfil “amo demais, faço todos os sacrifícios, fico sem dormir, dou minha própria comida pelo outro bla bla bla e não recebo nada em troca a não ser desprezo e sofrimento” não amam, elas são viciadas. Sim, viciadas no sofrimento, no sentimento de autocomiseração, em serem vistas como vitimas da vida e da injustiça divina e, principalmente, na justificativa perfeita que essa situação lhes dá para que deixem de trabalhar tooooodooos os outros problemas de sua vida e de sua alma!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Carpe Diem (??!!)



Um belo dia eu resolvi mudar...

E fazer tudo que você queria fazer?

Quantas pessoas, após uma experiência de quase morte relatam ter resolvido revolucionar a forma como viviam suas vidas aproveitando muito mais cada momento? Qual a razão por trás disso? Existem algumas, na minha visão: momentos como esse nos dão um choque de realidade quanto à nossa tão humana finitude e mortalidade (ao menos corporal); o tão comum e equivocado sentimento de que “certas coisas só acontecem com os outros” e, principalmente, a falta de espiritualidade (e aqui não me refiro à religião, mas ao sentimento de pertencimento a algo maior e inexplicável!) que leva as pessoas a viverem suas vidas focadas apenas no material, esquecendo, portanto do legado que devem deixar nessa vida, neste plano.

Nossa sociedade ao mesmo tempo em que é extremamente imediatista e regida por um padrão de consumo que nos proporciona prazeres e satisfação muitas vezes momentâneos e fugazes, também é repleta de bordões como “quando eu...”. Sim, no “projeto verão” da vida, sempre vamos ser mais felizes em algum outro momento quando determinada situação acontecer. E como bons procrastinadores que somos esquecemos muitas vezes de colocar em prática as ações que nos levariam àquele momento tão sonhado o que, claramente, alimenta um ciclo de auto sabotagem e comiseração.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Gente que inspira - Suzana Muniz




Imagine... Imagine que você é uma mulher bonita, bem resolvida, inteligente trabalha como Gerente de Marketing em uma das maiores multinacionais de Bens de Consumo do mundo com um excelente salário e uma boa perspectiva de crescimento no futuro breve. Agora imagine que você foi expatriada por 4 anos e ainda por cima durante um ano tirou um sabático para estudar em uma das mais renomadas escolas de negócios do mundo... Agora imagine que mesmo com tudo isso você resolve largar tudo e virar... ATRIZ! Sim você leu direito e essa é a linda e inspiradora história da Suzana Muniz.

Apesar de todo o padrão executivo/corporativo que se desenhava na vida da Suzana, chegou um momento em que percebeu que não estava feliz. E como quase sempre em processos de auto conhecimento inicialmente achou que o problema estava “fora”. Primeiro pensou que fosse a cidade, afinal a adaptação de uma carioca da gema extremamente solar pode não ser das mais fáceis em uma cidade fria como Curitiba. Começou então a buscar uma opção na mesma empresa só que em outra cidade, mas isso em principio não a empolgava muito. Seria então a empresa o problema? Talvez mudar de projeto, trabalhar com outro tipo de produto poderia ser divertido. Após algumas entrevistas nada a atraía. Foram necessários 2 anos para perceber que o problema estava dentro. Que o que ela não queria mais era a vida que levava como executiva. E mais, o que ela queria era viver daquilo que de fato, durante toda a sua vida lhe despertou paixão: o Teatro!