quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sobre a ansiedade...



Uma coisa curiosa sobre pessoas ansiosas como eu é que elas estão sempre rodeadas de pessoas não ansiosas, zen, relax, tá tudo muito bem tudo muito bom. É, portanto, bastante comum que elas estejam o tempo todo ouvindo variações de frases como: “calma”, “não exagere” e “você PRECISA relaxar”.

Logicamente elas estão tentando ajudar e não sabem o quanto certas frases não apenas magoam como geram ainda mais desespero no ansioso. (Espero que não saibam pois se sabem e continuam agindo assim elas são apenas sacanas!)

Então as dicas abaixo, mais do que para você ansioso, são para você que TEM na sua vida um amigo(a), parceiro(a), irmã(o), pai/mãe ou afins ansioso.

1 - A pessoa ansiosa SABE que é ansiosa. Você não precisa lembra-la disso a todo momento ou em toda situação que ela te apresente (muitas vezes apenas como um desabafo). Eu ouço a todo momento de tudo quanto é tipo de pessoa dos mais variados níveis de intimidade (eu sei: falta impor limites mas isso é matéria para outro post!): “Você é muito ansiosa guria!”. Noooossaaaa, você jura mesmo? Não sabia disso! Sempre achei que eu fosse tão relax! Depois dessa sua epifania tudo começou a fazer sentido! Não, né?! Pópará! Você gostaria que a todo momento seu amigo ansioso ficasse destacando ou jogando na sua cara a sua característica que mais o faz sofrer?        



2 - Ninguém escolhe ser ansioso. Simplesmente é algo que somos e que não conseguimos controlar (principalmente quando estamos no meio da crise!). Dizer ao ansioso “relaxe” é a mesma coisa que dizer a um baixinho “cresça” ou “pare de ser tão baixinho”. A vontade que tenho é de responder: E VOCÊ ACHA QUE EU ESTOU TENTANDO FAZER O QUÊ HÁ MAIS DE 30 ANOS JACARÉ???? veja mais aqui              



3 - Ser ansioso é sofrido! Em muitos momentos, especialmente quando perdemos o controle físico da situação a sensação real é de que tudo irá para o brejo. Por outro lado, o fato de não estarmos surtando fisicamente o tempo todo não significa que seja menos sofrido na nossa cabeça, então não piore tudo colocando a culpa em nós por não conseguirmos controlar algo que simplesmente está fora do nosso alcance! 



4 - Pare de falar que tudo vai dar certo! Sério, apenas pare! Você não sabe que vai dar certo, eu sei que você não sabe que tudo vai dar certo, todo mundo sabe que você não sabe então pare! Diga apenas que está ali para a pessoa e pronto! Um bom e velho abraço também ajuda muito!

5 - Nunca, jamais diga: quando você relaxar tal coisa vai acontecer (no caso a tal coisa seria o objeto da ansiedade em questão!)! Isso é exatamente o mesmo que dizer: “nunca vai dar certo!” Como já disse no item 1 todo ansioso está careca de saber que é ansioso e a maioria de nós também está careca de tentar não ser ansioso e provavelmente já foi atrás dos mais variados métodos para controlar sua ansiedade e ainda não conseguiu, justamente porque o tentar controlar a ansiedade só o torna mais ansioso. Logo, ela automaticamente pensa: ferrou! Nunca consegui controlar minha ansiedade, porque eu acharia que vou conseguir agora? E pum! Ele vai ficar ainda mais ansioso! 

6 - Larga a mão de ser egocêntrico e de achar que as pessoas têm que reagir aos problemas da mesma forma que você! Acontece muitas vezes (comigo acontece o tempo todo) de pessoas que não são ansiosas darem conselhos a pessoas ansiosas olhando o problema sob o seu próprio ponto de vista. Falta empatia. Se é muito difícil para você se colocar no lugar do ansioso já que você deve ter nascido de uma mistura de Buda com Jesus Cristo e nunca ficou ansioso na vida, não fale nada. Volte à dica 4.      

7 - Se o ansioso da sua vida falou para você que ele não está mais ansioso provavelmente ele está mentindo pois está de saco cheio de ouvir críticas quanto à sua ansiedade. Então não ache que “seus conselhos deram certo”. Ele simplesmente cansou de ser julgado o tempo todo.   

8 - Ser ansioso não é necessariamente de todo ruim. A minha ansiedade me trouxe inúmeras conquistas positivas e fez de mim uma pessoa atenta, organizada e capaz de realizar muito. Claro que, em níveis patológicos nenhum sentimento é positivo e deve ser tratado e cuidado com carinho e atenção, mas deixe isso para os gurus, os profissionais de saúde e, se for o caso, os psicotrópicos.    

  

Eu sou ansiosa desde que nasci. Minha mãe conta que antes de ter dentes eu já os rangia e me lembro muito bem que desde o pré eu não dormia um minuto sequer no dia anterior ao primeiro dia de aula. Tenho tentado ao longo destes 30 anos de várias formas mudar e controlar isso todas sem sucesso. 

Até que, neste último processo terapêutico, graças à anja da minha personal mind trainer tive a sensação mais fantástica e libertadora de toda a minha vida ao parar de tentar controlar o incontrolável!

Então, a minha dica, agora aos ansiosos, é: “Não tente controlar a ansiedade, aceite-a e abrace-a pelo que ela te traz de bom e tire o foco dela.” E principalmente: diga às pessoas o que te incomoda neste processo. Elas só querem ajudar mas nós sabemos que na maioria das vezes mais atrapalha do que ajuda, além de magoar e nos fazer ir chorar no banheiro #quemnunca

E se você não acredita nisso tudo, leia mais  aqui e aqui

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

E o cordeiro vai para o abate...



Tenho urticária à mulher que se diz ou demonstra “desesperada para casar” tanto quanto a homem que fica se fazendo de gostoso, namorando há 100 anos orgulhando-se de estar conseguindo “fugir da forca” pelo maior tempo possível. Fico mais irritada ainda quando estou em uma roda e as pessoas - incluindo os pretendentes a noivos - começam com aquelas brincadeirinhas seguidas de risadas constrangedoras na qual se insinua que a mulher está sendo “enrolada” pelo parceiro que “se agarra com todas as suas forças a derradeiros instantes (dias, meses ou anos) de liberdade”.

Brincadeiras e piadas sobre o tema não faltam colocando o homem na maioria das vezes na condição de cordeiro indo para o abate, enquanto a mulher assiste com um olhar sádico e uma risada digna de bruxa de desenho animado. Aí você olha para o figura e suas saliências etílicas e calos nos dedos que entregam noitadas de Playstation com os parceiros com uma puta duma cara de “pega-ninguém” e se sente o próprio Willy Wonka: “Então, conte-me como é abrir mão de uma vida regada de prazeres sexuais com mulheres de todos os tipos, cores e tamanhos para cair na monotonia da vida conjugal?” #SQN

Sempre me senti mal com essas piadinhas! Primeiro porque desvirtuam um momento que deveria ser belo para 2 seres humanos que resolvem se unir, não por obrigação, mas por não conseguirem mais ficar longe um do outro. Segundo porque não acho legal me colocarem na posição de estar obrigando alguém a ficar comigo no melhor estilo Glen Close em Atração Fatal.

Na prática, percebo que homens apaixonados e que não veem a hora de começarem uma vida ao lado da mulher que amam se sentem na obrigação de perpetuarem essas brincadeiras sem graça enquanto nós mulheres acabamos reforçando esses conceitos muitas vezes de forma inconsciente (ao jogar o buquê para um amontoado de mulheres que mais parecem uma manada de emas descendo a savana ou ao colocar o nome #dazamigas solteiras - e que supostamente estariam esperando ansiosamente a sua vez de amarrarem alguém - na barra do vestido da noiva) e outras tantas de forma consciente ao condenarmos mulheres “dadas” ou ao sentirmos pena de mulheres solteiras (algo que vejo nítido nos olhos das casadas que ficam sentadas enquanto as demais se acotovelam pelo buquê!).

A minha irritação com esse clichê “mulheres querem casar, homens querem ficar solteiros” vem de longa data! Essa semana porém, ao ouvir no carro a enésima música com a mesma temática e após me deparar com a cara de espanto de uma pobre coitada com a qual perdi a paciência durante sua lamentação diária sobre o pedido que não vinha após 4 anos de namoro, comecei a me questionar: 1) será mesmo que se pudessem homens não casariam jamais enquanto todas as mulheres, até mesmo as mais independentes e cheias de si, no fundo só querem alguém para arrastar até o altar? e 2) se isso for verdade, será fisiológico ou será mais um traço do machismo nosso de cada dia? O que estaria por tras dessa máxima?

Nada melhor do que usar a nossa própria experiência e a daqueles que nos rodeiam, bem como um pouquinho de cultura popular, para iniciar esse tipo de análise “antropológica”.

Então vamos lá: 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Os números do machismo entre jovens no Brasil


Não poderia deixar de comentar a pesquisa divulgada ontem que aponta os os números do machismo no Brasil

Nada de novo no fato de 96% dos jovens (a pesquisa foi conduzida com jovens de 16 a 24 anos) considerarem vivermos em uma sociedade machista, mas muito surpreendente e um tanto aterrorizante o fato de uma parcela expressiva considerar normais atitudes que só reforçam a misoginia colocando as mulheres em posição de desigualdade com consequências mais ou menos violentas mas igualmente degradantes. 

O levantamento foi feito pelo Instituto Avon e Data Popular com 2.046 jovens de 16 a 24 anos de todas as regiões do país – sendo 1.029 mulheres e 1.017 homens e de certa forma explica algumas das conclusões da famigerada pesquisa do IPEA segundo a qual 26% dos brasileiros acreditam que uma mulher merece ser atacada dependendo das roupas que use. (ok não era 65% como anteriormente se alardeou, mas se você acha 26% ok, volte duas casas no processo evolutivo). 

Sobre o controle que os homens exercem desde cedo nas vidas das mulheres com quem se relacionam temos que 33%, já foram impedidas de usar determinada roupa e 9% já foram obrigadas a fazer sexo quando não estavam com vontade. Além disso 37% tiveram relação sexual sem camisinha por insistência do parceiro. Temos também que 35% das meninas já foram xingadas pelo namorado (talvez por terem "desobedecido" alguma das ordens anteriores).  

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sobre o casamento e a maternidade...



Inverter a ordem de prioridades e colocar o parceiro no topo da lista, antes dos filhos é a proposta do terapeuta de casais Andrew G. Marshall. Fugindo do clichê (mote número 1 deste Blog) e falando o que poucos ousam até sussurrar, ele afirma que "quando duas pessoas decidem se casar, em geral desejam que seja para sempre, enquanto os filhos, apesar de extremamente importantes, crescem e vão viver a própria vida. Por isso é fundamental investir na relação", diz. "O problema é que muitas pessoas, empenhadas em se tornar pais perfeitos, põem o casamento no piloto automático e esquecem de si mesmas." Sabiamente ele ressalta que a sociedade cobre as mães de expectativas de que elas sempre ponham os filhos em primeiro lugar, deixando os pais mais livres para fazerem outras opções.

Já vejo as caras de espanto de algumas e alguns, mas na minha cabecinha isso que o Andrew está colocando faz bastante sentido!!!

Tenho a impressão de que neste assunto maternidade/paternidade muitas vezes colocamos os "rótulos" e as "frases prontas" que a sociedade espera ouvir de nós (especialmente mulheres) e todo o resto é tabu ou considerado falta de amor ou egoísmo puro e simples.

Parece que se você disser que acha normal (como eu já disse) deixar seu filho com a avó para viajar com seu marido você é tipo Satanás na terra... Come on, quem é que não gosta de ir para a casa da vó??!!! (ok, a não ser que seja uma avó disfuncional e com problemas de vício, o que não será o caso do meu...) Se ela criou você porque não vai dar conta do pirralho alguns dias?!! Mas aí sempre vem a fatídica frase: "Ahhhh você vai ver quando forem os seus!!"  Me desculpa, não é porque eu vou ter filhos que eu vou me transformar em um outro ser humano, ok?! Pode insistir o quanto quiser eu pretendo continuar sendo euzinha apenas com acessórios acoplados...