quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Sobre o politicamente (in) correto...


Volta e meia escuto (ou leio como tem sido a mais frequente forma de interação) que o mundo tá muito chato, que não pode falar mais nada, que tudo é politicamente incorreto, que antigamente as pessoas não sofriam bullying e nem se ofendiam por qualquer piadinha e mesmo assim todo mundo era feliz e que ninguém morreu por levar umas cintadas, ao contrário, aparentemente esta geração aprendeu algo desconhecido por nós da nova geração que se chama educação e respeito bla bla bla. Nem sempre todos esses enunciados vêm na mesma lamentação, geralmente eles vêm em formato de memes e de frases de impacto, mas hoje de manhã me deparei com uma publicação de uma página bastante popular com um texto gigaaaaaaanteeeeee sobre como o mundo está chato e fazendo um link surreal entre a corrupção e a ditadura do politicamente correto.

Bem, o texto me fez rir por várias razões do naipe “não sou preconceituoso pois tenho amigos negros, homossexuais e gordos e faço piadas com eles sobre isso e eles não reclamavam e sim eram meus amigos de verdade”, mas fato é que eu mesma, que sou grande apreciadora de um humor ácido e de cada um cuidar da própria vida, já pensei e me pus muitas vezes essa questão.

Será que o mundo está mais chato? E a minha resposta é sim, se você é um homem branco heterossexual e magro. O mundo está um porreeeee para você (se você for fumante e/ou executivo de empreiteiras o mundo está um pouco mais difícil também amigo! Sorry).

Então, esse texto é para você Flávio Augusto que provavelmente nunca vai lê-lo, mas também para você que lê meu Blog seja porque gosta do que escrevo ou porque é meu amigo e quer me ajudar na audiência (valeu mãe, irmão, marido e amigos e amigas!!! Amo vocês!!!).

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Sobre Anas e Marias - "Outras Palavras" - Andressa Barichello

Ela era frágil. Não como um bibelô, mas como tudo que é efêmero. Era ela delicada, a despeito do chão batido que a cercava. A sua história inaugural era a do feto que, ninguém entendia como, tinha vingado naquele útero que não sabia gestar. Era o que diziam e deixa para lá a violência em que essa afirmativa possa implicar.

Mulher, talvez hoje ela acredite que aquele útero não podia gestar. Não é que não soubesse, apenas não podia. Nascer, ainda que prematura, foi a sua primeira transgressão. E a dona do útero que não sabia ou não podia gestar, jamais saberemos, gozou. Porque de repente viu que sabia e podia; transgredir era o desejo de ambas.

Mas quem nasce assim, de um lugar tão interdito e de um querer alheio que foi e que vai além sexo, carrega umbilicalmente um certo peso existencial. Constrange-se, talvez, diante de todos os filhos que desceram antes da hora. Apavora-se por ter-se criado num espaço de perda e de ausência. Será, então, que devia mesmo ter nascido?

A sensação longínqua do não-estar foi transformando-se ao longo da vida em mal-estar. Flertava com a quase morte desde a barriga. Álcool, picadas, cigarro e pó. Tudo para se certificar agora de que era forte o corpo que disseram vir ao mundo com menos de um quilo. Tinha medo de ser, porque era, a criança que ao nascer não podia, ainda, abrir os olhos.

Felizmente, o corpo sempre se mostrava igual ao dos outros, aqueles paridos pontualmente. Parecia até mais forte, por vezes, o que a tornava diariamente uma mulher contra qualquer estatística. Seriam todos os corpos iguais? Era preciso marcar alguma qualquer diferença. Seguiu, portanto, nos testes da angústia. Uma vida que transcorresse em gestação regular não a interessava. Por isso escrevia. Poucas vezes chorava. Não tinha medo de saltar de para quedas. Reagiu a três assaltos. Era esquiva ao toque. Prematura, era sempre.

Adulta, não se rendia nem mesmo aos afagos da mãe - por mera birra, talvez, recusasse agora os afetos recusados pela incubadora; pura injustiça. Pra que tanta gana em vir ao mundo... Então era só isso? Perdeu o emprego, investiu num curta sem sucesso e fumou o que restou da poupança deixada pelo pai sem que ninguém a detivesse; detê-la mesmo, só o útero ou a morte. Vence o útero. E apesar de ser cabeça dura, de moleira bem fechada, seguia com os batimentos cardíacos devidamente monitorados - não por aquela enfermeira da maternidade, mas pela imposição ao controle de frequência que aquela lhe estampou na memória da pele: Todas as vezes em que o peito disparou, não teve jeito, doeu. Sabia que qualquer disritmia poderia ser sinônimo de agulhadas; desde bebê é que tentam padronizá-la, logo ela, que veio para romper com o padrão abortivo! Não!

Já havia cansado, já havia quase desistido... Mas resistiu. De resistência, entendia bem. Resistia à vida, à morte e aos outros. Só não pôde mesmo resistir a si mesma pois a vida nos coloca sempre diante do nosso espelho: foi no dia em que conheceu a namorada, uns anos mais jovem. No corpo, aquele mulherão em proporções de menina. Os olhos grandes, os traços sutis, era também frágil como um passarinho ou qualquer coisa bela que saiba, leve, voar. Se reconheceu ali, sem precisar nenhuma palavra. Sem precisar nada. Elas eram como a vida. Quem visse as duas juntas, não sabia nunca definir o que na composição dava tão certo. Tudo ficava sempre pelo mais óbvio; a lembrança de serem ambas iguais no sexo. Era esse, afinal, um mero, útil e suficiente disfarce, para que não entendessem e não doessem nunca a razão pela qual eram tão e mais profundamente iguais.

Andressa Barichello, paulistana de nascença, curitibana pelo acaso. Escreve crônicas, contos e poemas. Escreve pra tentar fazer sentido, para si e para os outros. É co-idealizadora do projeto Fotoverbe-se! e.... e.... e...

"Outras Palavras" - Andressa Barichello


A partir de hoje, toda última terça-feira do mês teremos aqui na Self a Coluna "Outras Palavras" na qual a minha amiga e parceira Andressa Barichello irá nos deliciar com crônicas, pensamentos e reflexões com a sua usual maestria com o idioma de Camões.

Aos 26 anos Andressa é mestranda em Direito e Literatura, já morou em Portugal, é co-autora do Livro “Crônicas do Cotidiano” e também co-idealizadora do projeto Fotoverbe-se 

É também, assim como eu, uma feminista e uma das pessoas mais doces e sensíveis que já conheci (as semelhanças pararam no feminismo mesmo!).

Sua escrita é gostosa, é provocante e de certa forma sensual!

Espero que gostem tanto quanto eu e que essa parceria nos renda mais e mais projetos juntas! 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Sobre tragédias que acontecem com pessoas bonitas...



No almoço de família alguém relata um trágico acidente que deixou uma conhecida de alguém tetraplégica. Quase todos na mesa soltam um murmúrio misto entre tristeza e pena ao ouvirem as dificuldades que a protagonista da estória passa em seu dia a dia. Então, alguém solta: “uma pena uma coisa dessas com uma moça tão bonita!”

Quem nunca escutou ou disse algo do gênero que atire a primeira pedra (não em mim por favor!).  Eu mesma me lembro de um acontecimento que me chocou profundamente que foi o rapto e assassinato pelo próprio pai de duas meninas gêmeas, filhas de uma colega de trabalho, uma mulher que eu admiro e respeito muito. O caso teve uma enorme repercussão inclusive na mídia e eu me lembro de passar vários minutos olhando para as fotos daquelas duas meninas que pareciam anjinhos de Raffaelo e pensar: “meu Deus, como são lindas! Como pôde acontecer algo tão trágico a dois anjinhos desses!”

#1LivroPorSemana - Semana 3



“Em Busca de Sentido” do psiquiatra Viktor E. Frankl narra a sua própria experiência como prisioneiro em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial e suas considerações sobre a psicologia e as reações humanas em uma situação tão extrema quanto esta.

Ao mesmo tempo em que ele nos conduz pelo sofrimento mais profundo da alma e do corpo humano ele também nos mostra como encontrar um sentido para a vida parece ser o fiel da balança entre a vida e a morte.

“Quem tem porque viver aguenta quase todo o como” parece ser o lema da Logoterapia, que vem explicada de forma bem resumida e interessante nas últimas páginas do livro.

O livro foi fácil no sentido de que a leitura era cativante e ao mesmo tempo difícil pois o estomago muitas vezes embrulhou. Algumas lágrimas correram ao pensar no tamanho da crueldade humana e também na força do espírito de quem tem algo pelo que viver. Inevitável perguntar-se ao longo da leitura em qual o nosso sentido e em como estamos fazendo algo para alcança-lo ou não.

“(...) a todo momento as pessoas são exortadas a ‘ser felizes’. Mas a felicidade não pode ser buscada; precisa ser decorrência de algo. Deve-se ter uma razão para ser feliz. Uma vez que a razão é encontrada, no entanto, a pessoa fica feliz automaticamente (...)”.

Um livro que me fez pensar, que me fez engolir seco e que em muitos momentos me fez parar no meio de um parágrafo apenas para refletir e digerir o que estava lendo.

Não tenho muitas dicas práticas essa semana pois foi um livro que me chamava a todo momento. Em uma pausa para o café, indo ao banheiro e fazendo as unhas: a todo momento disponível eu corria para devorá-lo. Por outro lado, os momentos de contemplação fizeram com que o número de páginas consecutivas fosse menor do que a minha média até aqui.

Talvez a dica que fique então é:

5 – não se prive de digerir o que está lendo aos poucos, ainda que tenha que correr um pouco mais para finalizar a leitura.

Ontem (domingo) eu ainda tinha bem umas 50 páginas para ler. Dediquei boa parte do meu domingo a isto, mas valeu a pena! Ler apenas por ler não pode ser o objetivo de um desafio como este!

E para esta semana: O Segundo Sexo Vol. 1 – Fatos e Mitos da Simone de Beauvoir. Leitura difícil a primeira vista e bem cientifica. Livro que já li parcialmente muitas vezes e está na pauta do primeiro encontro do Grupo de Leitura de Estudos Feministas que acontecerá na próxima segunda (aguardem um post sobre esse projeto/filho que eu estou amando tanto!).

Esse é daqueles livros que a gente vai ler mil vezes ao longo da vida para entender, mas é também daqueles que dispara o gatilho de ir atrás de outros livros.

O desafio dessa semana será duro, mas é também parte do meu porque, do meu sentido! 

Até semana que vem #1LivroPorSemana 


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sobre a Fernanda Gentil e o Pierce Brosnan

Tirando as medidas econômicas do governo, novas vítimas da violência em nosso país, Charlie Hebdo e o BBB, os dois assuntos que povoam a minha timeline nos últimos dias são: (i) o fato de Pierce Brosnan não ter largado sua mulher ainda que ela tenha engordado (sobre isso leia a curiosa e irônica matéria do Papo de Homem defendendo as razões  do pobre James Bond por não estar desfilando com uma mulher à altura de seu gabarito); e (ii) de ontem para cá, as manifestações de repúdio ao "jornalista" do portal R7 que saiu da casinha ao criticar o corpo de uma apresentadora da Globo na praia que não compartilho por razões de: não dar audiência!  

Que ambos os acontecimentos "jornalísticos" tem em comum um machismo brabo e a perpetuação da busca por um ideal de beleza sacrificante e praticamente impossível de ser atingido pela esmagadora maioria das mulheres é meio óbvio e não quero ficar aqui chovendo no molhado, mas um compartilhamento específico com o qual me deparei provocou questões sutis sobre o tema e que me incomodaram lá no fundinho e que gostaria de provocar aqui... 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sobre o sofrimento...




Eu tendo a ser uma pessoa otimista. Tendo a ser tão otimista que às vezes me sinto como se me tivesse sido tolhido o direito de ser pessimista ou de ficar triste com coisas ditas banais. O que mais costumo ouvir quando estou pessimista com algo é: “nossa você já passou por tanta coisa! Não vai deixar ISTO (com ar de desdém para o problema atual) te desmotivar não é mesmo??!!” (pausa para tapinha no ombro e o olhar de condescendência)

Sim, é verdade! Eu já passei por muita coisa foda! Além do mais eu tenho plena ciência e consciência da quantidade de problemas muito mais fodas tanto dos que eu mesma já passei quanto daqueles “banais” que estou vivendo hoje. Obviamente eu reconheço que a fome no mundo, a violência física contra mulheres e crianças, as guerras e os atos terroristas que acometem o nosso planeta, são muito mais graves do que o meu frustrado desejo de engravidar ou do que a minha incessante busca pela realização profissional e pessoal que muitas vezes me deprime.

Ocorre, porém, entretanto, todavia, que a gravidade dos problemas alheios (ou próprios mas superados, como parece ser o meu caso) não diminuem a intensidade dos problemas presentes de maneira alguma, ao menos não na pele. Comentários desse tipo (ainda que venham com o objetivo de encorajamento) nos fazem sentir ainda mais culpados por estarmos sentindo o que estamos sentindo por algo que supostamente não deveria nos incomodar. 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

#1LivroPorSemana - Semana 2

Mesmo que fosse possível afirmar o valor de um dom qualquer num dado momento, esses valores se modificam; em um século, eles se terão, com toda a probabilidade, modificado por completo. Além disso, dentro de cem anos, pensei, alcançando a porta de casa, as mulheres terão deixado de ser o sexo protegido. Logicamente, participarão de todas as atividades e esforços que no passado lhes foram negados. A babá carregará carvão. A mulher da quitanda dirigirá uma locomotiva.

E aqui estamos quase 1 século após Virgina Woolf ter escrito esse brilhante ensaio... Tão atual quanto qualquer artigo feminista publicado em blogs e coletivos “Um teto todo seu” destrincha com ironia e uma narrativa leve e interessante a desigualdade entre os gêneros e também as desigualdades sociais (que tantas vezes se confundem!).

Ler “Um teto todo seu” foi fácil. Em uma semana tranquila com horário de trabalho equilibrado (saindo por volta das 18:30/19:00 no máximo) e sem muitos compromissos sociais foi fácil ler um pouquinho por dia (aproximadamente meia hora a noite e em 2 dias uns 30 minutos na hora do almoço).

Um teto todo seu trata de uma temática que me é cara e que eu já sabia por minhas pesquisas (ver dica número 2 da semana passada) compartilhava com a autora.

As dicas que saem dessa semana então são:

3 – Planeje-se para ler ao menos 15% do livro por dia.

O ideal é calcular o número de páginas que serão lidas por dia no começo da semana, sempre deixando uma brecha para o domingo pois pode ser que surjam compromissos familiares ou sociais ou apenas bata aquela preguiça e vontade de ficar na piscina ou no sofá tirando um cochilo. Seja qual for o tamanho do livro, faça o cálculo antes de começar e acompanhe dia a dia se está cumprindo a sua meta.

Para esse ponto, sugiro a utilização de aplicativos como o The Book Case que permite arquivar todos os livros em uma biblioteca virtual, fazendo o download das informações pelo código de barras do livro (ou também pelo título, autor ou ISBN) e acompanhando o progresso do livro lido, bem como lista de desejo e outras funcionalidades. O porém desse app é que ele não compartilha as informações em todos os aparelhos (ao menos não no IOS) e portanto precisa ser usado sempre o mesmo dispositivo para lançar as informações.

4 – Deixe o celular na mesa de trabalho por 30 minutos!

Ler na hora do almoço aproveitando para sair um pouco do Facebook foi uma boa estratégia que resolvi adotar e manter para as próximas semanas.

Para quem, como eu, é viciada (assumidamente ou não) em seu smartphone, em redes sociais, whatsapp, e-mails, etc., desconectar pode parecer algo muito complicado. “Ai meu Deus, mas e se alguém me ligar?” “E se alguém morrer ou precisar urgentemente da minha ajuda para ser levado ao hospital?”

Bem, parei e pensei quantas vezes recebo ligações na hora do almoço e o quanto de fato 30 minutos poderiam impactar na remotíssima possibilidade de eu ter que “salvar a vida de alguém” e resolvi arriscar.

Deixei o celular na minha mesa e fui almoçar na cozinha aqui do escritório mesmo. Comi em 15 minutinhos e desci para tomar um sol enquanto lia. Além de ter me ajudado a cumprir a meta da semana com facilidade, foi uma delícia espairecer por completo na hora do almoço, algo que não fazia há bastante tempo! E qual a minha surpresa ao retornar a minha mesa e ter zero ligações?!!!

O livro dessa semana é “Em Busca de Sentido” do psiquiatra Viktor E. Frankl, fundador da Logoterapia, por muitos autores considerada a terceira escola de psicoterapia vienense (após Freud e Adler). Neste livro Frankl narra a sua própria experiência em busca do sentido da vida num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Apresenta também, numa segunda parte, os conceitos básicos da Logoterapia.

Até semana que vem #1LivroPorSemana 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

#1LivroPorSemana - Semana 1

E as férias acabaram!

Apesar de terem sido maravilhosas e terem resultado em inúmeras reflexões interessantes e insights produtivos, estou muito feliz de estar de volta para colocar tudo o que borbulhou no coração e na mente neste período de passagem entre um ano que acaba e outro novinho que se inicia. 

Bem, o desafio do #1LivroPorSemana começou bem na semana da minha volta ao Brasil. Então, entre os últimos dias de bate-perna como turista na Bellissima Itália, uma viagem interminável de volta com direito a uma mega correria por ter ido ao aeroporto errado (momento “shame on me”), um bate volta ao interior para busca meu priminho que passa férias conosco, desarrumar mala, arrumar a casa, fazer feria e mercado e aquele churrasquinho básico para reencontrar a família e curtir um pouquinho de calor, não poderia ter escolhido semana mais desafiadora para começar! Foi realmente um embate! 

O livro escolhido para esta primeira semana foi o “Mulher de Hoje - figuras do feminino no discurso analítico” organizado pela Marcela Antelo que traz uma série de escritos de variadas autoras (e autores como depois descobri!).

Escolhi esse livro por algumas razões que coincidem com as primeiras dicas que gostaria de compartilhar neste desafio (assim como o que funcionou e o que não funcionou muito):

1 – escolha o livro baseada no planejamento geral da semana.

Já sabe que vai ter uma semana corrida? Escolha um livro mais curto, ou um que já leu e gostaria de reler e que, por consequência, terá uma leitura mais rápida. No meu caso, sabendo que iria estar viajando, escolhi esse título pois por ser um e-book não precisaria carregar peso extra e, por ser um livro com vários escritos de autores diferentes imaginei que a leitura seria mais dinâmica e menos cansativa caso eu não gostasse. O número de páginas também me pareceu bem adequado.

2 – pesquise na internet sobre o livro e as impressões de pessoas que você confia (blogs que segue, artistas, enfim) ou até mesmo comentários nas livrarias online sobre ele.

Eu não fiz esse dever de casa. Achei que o livro trazia um contraponto à visão Freudiana clássica pois inicialmente eu me deparei com essa sugestão em um blog feminista, mas a maioria esmagadora (esmagadora mesmo!) dos artigos defendia a clássica visão analítica da mulher como Outro e do complexo de fálico. Não sei se foi porque eu tinha acabado de ler a Rose Marie Muraro desconstruindo lindamente a visão (ou a falta de!) de Freud e Lacan sobre a mulher ou minha antipatia antiga com a análise mas teve muitos momentos em que deu uma vontade incrível de parar de ler.

A ideia desse desafio não é fazer resenha de livros, até porque o desafio é a leitura de #1LivroPorSemana que se adeque à realidade e ao gosto literário de cada um de nós, mas é claro, que para quem quiser usar como parâmetro as minhas sugestões, vou tecer breves comentários sobre as minhas impressões ultra pessoais e não acadêmicas sobre o que estou lendo.

Não foi um livro fácil de ler. Para quem não tem um nível ao menos mediano de conhecimento teórico sobre a psicanálise e as teorias freudianas e lacanianas o esforço é grande. Por sorte, como disse, eu havia acabado de ler um livro que também abordava (de forma muito mais simples) o tema, além de já ter lido algo no passado quando pesquisando sobre linhas da psicologia e sua história, portanto acabei conseguindo “me achar” um pouco mais na dialética, mas não o recomendaria a quem nunca tenha lido nada minimamente mais profundo sobre Freud, Lacan e psicanálise em geral.

Verdade seja dita a culpa foi toda minha, pois não segui a dica #2 que menciono acima. Se o tivesse feito, rapidamente descobrira que o Livro é na verdade o resultado de estudos de psicanalistas/cientistas para um Congresso de Psicanalise e, portanto, bastante científico e acadêmico!

Em todo caso valeu o desafio e deu para aprender bastante coisa nova e entender melhor como a psicanálise de certa forma sustenta e corrobora o patriarcado. Ainda que eu não concorde com a maioria das teses defendidas, alguns dos escritos foram bem interessantes, como uma análise analítica dos filmes de Tarantino e da vida de Marilyn Monroe.

Mas devo confessar que estou feliz que essa semana (e esse livro) acabaram para eu partir para o próximo.

E o escolhido para essa semana (primeira de volta ao trabalho) é “Um teto todo seu” da grande Virginia Wolf. Quero ler Virginia há muito tempo e confesso me sinto um pouco envergonhada por ainda não ter lido nada dela. Minhas 2 dicas acima estão sendo seguidas e estou confiante de que vou gostar bastante desta “introdução” ao seu mundo.

A estratégia dessa semana não envolve viagens e nem qualquer tipo de saída da rotina então começarei a testar dicas de número de páginas por dia, horários preferidos de leitura e ambientes adequados!

Até semana que vem #1LivroPorSemana

Fique ligado por aqui que ao longo da semana tem mais post e coisas novas aqui na Self!


E, de novo, um lindo, maravilhoso, mega blaster, super empolante 2015 para todos nós!!! 

domingo, 4 de janeiro de 2015

#1LivroPorSemana

Em 2015 resolvi lançar a mim mesma o desafio de ler 1 livro por semana! Sim, é isso mesmo que você leu: 52 livros ao longo ano!

Tirei a ideia do Papo de Homem no post como ler um livro por semana. Ele traz dicas práticas e parece ser um desafio interessante, muito nobre e enriquecedor.

Então fiz uma lista dos livros que quero ler ao longo deste ano e terei o maior prazer em ticá-los da minha listinha... 


A ideia de compartilhar aqui a minha experiência é primeiramente de ter alguém me cobrando (ainda que seja um alguém oculto e coletivo e no fundo seja eu mesma!) e em segundo lugar, compartilhar as minhas impressões sobre cada um desses livros, pois parar para pensar sobre a leitura feita faz com que ela se fixe de forma mais profunda na mente e na alma.
Por fim, será interessante também compartilhar o que funciona e o que não funciona na prática criando novas sugestões de dinâmica de leitura.
Então vamos lá! Começaremos o ano com: Mulher de Hoje - figuras do feminino no discurso analítico organizado pela Marcela Antelo que traz uma série de escritos de variadas autoras.
Segue a sinopse do livro


Como a psicanálise de orientação lacaniana pode pensar as mulheres, e como podemos pensá-las hoje, ou seja, trinta anos depois da morte de Lacan, com as mudanças que o início do século XXI nos trouxe? Tratar o gozo feminino supõe encontrar outras palavras que remetam ao ponto de inconsistência no Outro, ponto em que não há solução pela identificação. Outras palavras que – esta é a nossa aposta – possam ser inventadas para tratar os impasses do real. (Cristina Drummond) 


E aí? quem mais topa esse desafio? Vamos juntos? Mande suas opiniões sobre o que você leu e sobre o que achou do livro da semana...


Volto semana que vem para contar sobre esse primeiro livro!