quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sobre a ansiedade...



Uma coisa curiosa sobre pessoas ansiosas como eu é que elas estão sempre rodeadas de pessoas não ansiosas, zen, relax, tá tudo muito bem tudo muito bom. É, portanto, bastante comum que elas estejam o tempo todo ouvindo variações de frases como: “calma”, “não exagere” e “você PRECISA relaxar”.

Logicamente elas estão tentando ajudar e não sabem o quanto certas frases não apenas magoam como geram ainda mais desespero no ansioso. (Espero que não saibam pois se sabem e continuam agindo assim elas são apenas sacanas!)

Então as dicas abaixo, mais do que para você ansioso, são para você que TEM na sua vida um amigo(a), parceiro(a), irmã(o), pai/mãe ou afins ansioso.

1 - A pessoa ansiosa SABE que é ansiosa. Você não precisa lembra-la disso a todo momento ou em toda situação que ela te apresente (muitas vezes apenas como um desabafo). Eu ouço a todo momento de tudo quanto é tipo de pessoa dos mais variados níveis de intimidade (eu sei: falta impor limites mas isso é matéria para outro post!): “Você é muito ansiosa guria!”. Noooossaaaa, você jura mesmo? Não sabia disso! Sempre achei que eu fosse tão relax! Depois dessa sua epifania tudo começou a fazer sentido! Não, né?! Pópará! Você gostaria que a todo momento seu amigo ansioso ficasse destacando ou jogando na sua cara a sua característica que mais o faz sofrer?        



2 - Ninguém escolhe ser ansioso. Simplesmente é algo que somos e que não conseguimos controlar (principalmente quando estamos no meio da crise!). Dizer ao ansioso “relaxe” é a mesma coisa que dizer a um baixinho “cresça” ou “pare de ser tão baixinho”. A vontade que tenho é de responder: E VOCÊ ACHA QUE EU ESTOU TENTANDO FAZER O QUÊ HÁ MAIS DE 30 ANOS JACARÉ???? veja mais aqui              



3 - Ser ansioso é sofrido! Em muitos momentos, especialmente quando perdemos o controle físico da situação a sensação real é de que tudo irá para o brejo. Por outro lado, o fato de não estarmos surtando fisicamente o tempo todo não significa que seja menos sofrido na nossa cabeça, então não piore tudo colocando a culpa em nós por não conseguirmos controlar algo que simplesmente está fora do nosso alcance! 



4 - Pare de falar que tudo vai dar certo! Sério, apenas pare! Você não sabe que vai dar certo, eu sei que você não sabe que tudo vai dar certo, todo mundo sabe que você não sabe então pare! Diga apenas que está ali para a pessoa e pronto! Um bom e velho abraço também ajuda muito!

5 - Nunca, jamais diga: quando você relaxar tal coisa vai acontecer (no caso a tal coisa seria o objeto da ansiedade em questão!)! Isso é exatamente o mesmo que dizer: “nunca vai dar certo!” Como já disse no item 1 todo ansioso está careca de saber que é ansioso e a maioria de nós também está careca de tentar não ser ansioso e provavelmente já foi atrás dos mais variados métodos para controlar sua ansiedade e ainda não conseguiu, justamente porque o tentar controlar a ansiedade só o torna mais ansioso. Logo, ela automaticamente pensa: ferrou! Nunca consegui controlar minha ansiedade, porque eu acharia que vou conseguir agora? E pum! Ele vai ficar ainda mais ansioso! 

6 - Larga a mão de ser egocêntrico e de achar que as pessoas têm que reagir aos problemas da mesma forma que você! Acontece muitas vezes (comigo acontece o tempo todo) de pessoas que não são ansiosas darem conselhos a pessoas ansiosas olhando o problema sob o seu próprio ponto de vista. Falta empatia. Se é muito difícil para você se colocar no lugar do ansioso já que você deve ter nascido de uma mistura de Buda com Jesus Cristo e nunca ficou ansioso na vida, não fale nada. Volte à dica 4.      

7 - Se o ansioso da sua vida falou para você que ele não está mais ansioso provavelmente ele está mentindo pois está de saco cheio de ouvir críticas quanto à sua ansiedade. Então não ache que “seus conselhos deram certo”. Ele simplesmente cansou de ser julgado o tempo todo.   

8 - Ser ansioso não é necessariamente de todo ruim. A minha ansiedade me trouxe inúmeras conquistas positivas e fez de mim uma pessoa atenta, organizada e capaz de realizar muito. Claro que, em níveis patológicos nenhum sentimento é positivo e deve ser tratado e cuidado com carinho e atenção, mas deixe isso para os gurus, os profissionais de saúde e, se for o caso, os psicotrópicos.    

  

Eu sou ansiosa desde que nasci. Minha mãe conta que antes de ter dentes eu já os rangia e me lembro muito bem que desde o pré eu não dormia um minuto sequer no dia anterior ao primeiro dia de aula. Tenho tentado ao longo destes 30 anos de várias formas mudar e controlar isso todas sem sucesso. 

Até que, neste último processo terapêutico, graças à anja da minha personal mind trainer tive a sensação mais fantástica e libertadora de toda a minha vida ao parar de tentar controlar o incontrolável!

Então, a minha dica, agora aos ansiosos, é: “Não tente controlar a ansiedade, aceite-a e abrace-a pelo que ela te traz de bom e tire o foco dela.” E principalmente: diga às pessoas o que te incomoda neste processo. Elas só querem ajudar mas nós sabemos que na maioria das vezes mais atrapalha do que ajuda, além de magoar e nos fazer ir chorar no banheiro #quemnunca

E se você não acredita nisso tudo, leia mais  aqui e aqui

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

E o cordeiro vai para o abate...



Tenho urticária à mulher que se diz ou demonstra “desesperada para casar” tanto quanto a homem que fica se fazendo de gostoso, namorando há 100 anos orgulhando-se de estar conseguindo “fugir da forca” pelo maior tempo possível. Fico mais irritada ainda quando estou em uma roda e as pessoas - incluindo os pretendentes a noivos - começam com aquelas brincadeirinhas seguidas de risadas constrangedoras na qual se insinua que a mulher está sendo “enrolada” pelo parceiro que “se agarra com todas as suas forças a derradeiros instantes (dias, meses ou anos) de liberdade”.

Brincadeiras e piadas sobre o tema não faltam colocando o homem na maioria das vezes na condição de cordeiro indo para o abate, enquanto a mulher assiste com um olhar sádico e uma risada digna de bruxa de desenho animado. Aí você olha para o figura e suas saliências etílicas e calos nos dedos que entregam noitadas de Playstation com os parceiros com uma puta duma cara de “pega-ninguém” e se sente o próprio Willy Wonka: “Então, conte-me como é abrir mão de uma vida regada de prazeres sexuais com mulheres de todos os tipos, cores e tamanhos para cair na monotonia da vida conjugal?” #SQN

Sempre me senti mal com essas piadinhas! Primeiro porque desvirtuam um momento que deveria ser belo para 2 seres humanos que resolvem se unir, não por obrigação, mas por não conseguirem mais ficar longe um do outro. Segundo porque não acho legal me colocarem na posição de estar obrigando alguém a ficar comigo no melhor estilo Glen Close em Atração Fatal.

Na prática, percebo que homens apaixonados e que não veem a hora de começarem uma vida ao lado da mulher que amam se sentem na obrigação de perpetuarem essas brincadeiras sem graça enquanto nós mulheres acabamos reforçando esses conceitos muitas vezes de forma inconsciente (ao jogar o buquê para um amontoado de mulheres que mais parecem uma manada de emas descendo a savana ou ao colocar o nome #dazamigas solteiras - e que supostamente estariam esperando ansiosamente a sua vez de amarrarem alguém - na barra do vestido da noiva) e outras tantas de forma consciente ao condenarmos mulheres “dadas” ou ao sentirmos pena de mulheres solteiras (algo que vejo nítido nos olhos das casadas que ficam sentadas enquanto as demais se acotovelam pelo buquê!).

A minha irritação com esse clichê “mulheres querem casar, homens querem ficar solteiros” vem de longa data! Essa semana porém, ao ouvir no carro a enésima música com a mesma temática e após me deparar com a cara de espanto de uma pobre coitada com a qual perdi a paciência durante sua lamentação diária sobre o pedido que não vinha após 4 anos de namoro, comecei a me questionar: 1) será mesmo que se pudessem homens não casariam jamais enquanto todas as mulheres, até mesmo as mais independentes e cheias de si, no fundo só querem alguém para arrastar até o altar? e 2) se isso for verdade, será fisiológico ou será mais um traço do machismo nosso de cada dia? O que estaria por tras dessa máxima?

Nada melhor do que usar a nossa própria experiência e a daqueles que nos rodeiam, bem como um pouquinho de cultura popular, para iniciar esse tipo de análise “antropológica”.

Então vamos lá: 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Os números do machismo entre jovens no Brasil


Não poderia deixar de comentar a pesquisa divulgada ontem que aponta os os números do machismo no Brasil

Nada de novo no fato de 96% dos jovens (a pesquisa foi conduzida com jovens de 16 a 24 anos) considerarem vivermos em uma sociedade machista, mas muito surpreendente e um tanto aterrorizante o fato de uma parcela expressiva considerar normais atitudes que só reforçam a misoginia colocando as mulheres em posição de desigualdade com consequências mais ou menos violentas mas igualmente degradantes. 

O levantamento foi feito pelo Instituto Avon e Data Popular com 2.046 jovens de 16 a 24 anos de todas as regiões do país – sendo 1.029 mulheres e 1.017 homens e de certa forma explica algumas das conclusões da famigerada pesquisa do IPEA segundo a qual 26% dos brasileiros acreditam que uma mulher merece ser atacada dependendo das roupas que use. (ok não era 65% como anteriormente se alardeou, mas se você acha 26% ok, volte duas casas no processo evolutivo). 

Sobre o controle que os homens exercem desde cedo nas vidas das mulheres com quem se relacionam temos que 33%, já foram impedidas de usar determinada roupa e 9% já foram obrigadas a fazer sexo quando não estavam com vontade. Além disso 37% tiveram relação sexual sem camisinha por insistência do parceiro. Temos também que 35% das meninas já foram xingadas pelo namorado (talvez por terem "desobedecido" alguma das ordens anteriores).  

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sobre o casamento e a maternidade...



Inverter a ordem de prioridades e colocar o parceiro no topo da lista, antes dos filhos é a proposta do terapeuta de casais Andrew G. Marshall. Fugindo do clichê (mote número 1 deste Blog) e falando o que poucos ousam até sussurrar, ele afirma que "quando duas pessoas decidem se casar, em geral desejam que seja para sempre, enquanto os filhos, apesar de extremamente importantes, crescem e vão viver a própria vida. Por isso é fundamental investir na relação", diz. "O problema é que muitas pessoas, empenhadas em se tornar pais perfeitos, põem o casamento no piloto automático e esquecem de si mesmas." Sabiamente ele ressalta que a sociedade cobre as mães de expectativas de que elas sempre ponham os filhos em primeiro lugar, deixando os pais mais livres para fazerem outras opções.

Já vejo as caras de espanto de algumas e alguns, mas na minha cabecinha isso que o Andrew está colocando faz bastante sentido!!!

Tenho a impressão de que neste assunto maternidade/paternidade muitas vezes colocamos os "rótulos" e as "frases prontas" que a sociedade espera ouvir de nós (especialmente mulheres) e todo o resto é tabu ou considerado falta de amor ou egoísmo puro e simples.

Parece que se você disser que acha normal (como eu já disse) deixar seu filho com a avó para viajar com seu marido você é tipo Satanás na terra... Come on, quem é que não gosta de ir para a casa da vó??!!! (ok, a não ser que seja uma avó disfuncional e com problemas de vício, o que não será o caso do meu...) Se ela criou você porque não vai dar conta do pirralho alguns dias?!! Mas aí sempre vem a fatídica frase: "Ahhhh você vai ver quando forem os seus!!"  Me desculpa, não é porque eu vou ter filhos que eu vou me transformar em um outro ser humano, ok?! Pode insistir o quanto quiser eu pretendo continuar sendo euzinha apenas com acessórios acoplados...


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sobre mulheres contra o feminismo...


Então em minhas andanças pela internet eu descubro que existe uma página no Facebook, filhote de um Blog com o título deste post, onde homens e mulheres alardeiam sua raiva e ódio profundo contra mulheres feministas e suas teorias “de esquerda”. E que para fundamentar seus argumentos citam inúmeras frases de outros tantos blogs que pregam “a morte e violência contra os homens” e, se possível, até a extinção da espécie masculina ou, no mínimo, sua completa subjugação à superioridade feminina. 

E aí, explorando mais um pouco em meu amigo Google, descubro que de fato existe um tumbrl intitulado “eu odeio homens” e que este tumbrl é exatamente sobre o que seu título alardeia e não apenas referência sarcástica. E assim de referência em referência, de blog em blog e matéria em matéria, vou navegando por paginas como Garotas de Direita, Feminismo Diabólico,  onde consta que Simone de Beauvoir era pedófila e que feminismo “não é de Deus” e mata (incluindo um link bizarro entre a morte do menino Bernardo pela louca da madrasta ao movimento feminista!!!! E eu tipo: Oi????) e onde aparecem fotos de garotas feministas comendo sua própria menstruação com frases chocantes que supostamente provariam o quão insanas são essas tais de feministas. 

Devo confessar que esse “passeio virtual” me causa de imediato um desejo imenso de dar reset na humanidade. É oficial: os idiotas e completos imbecis estão tomando conta de todas as frentes de batalha e não há limitação de idade, gênero, ideologia ou nacionalidade. A imbecilidade humana simplesmente não tem limites e nem fronteiras. Esquerda, direita, centro, onde você quiser eles estão lá sendo livremente idiotas nesse espaço tão democrático que é a internet. O segundo pensamento é o mais antidemocrático possível: “PQP quem foi que inventou mesmo essa tal de liberdade de expressão???!!! Evidentemente ele não imaginava o que isso significaria em tempos de internet!!”

De fato a intolerância parece ser a palavra de ordem na maioria esmagadora das comunidades anti e pró qualquer coisa.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Sobre escolhas e ser mulher...


Tenho acompanhado de perto o debate entre mulheres feministas e não feministas sobre o direito da mulher à escolha.

Na essência muitas parecem defender a escolha da mulher: escolha pela interrupção ou não da gravidez, escolha da via de parto (cesárea ou normal), escolha pela amamentação ou não, escolha entre babá, creche ou sair do mercado para cuidar em primeira mão dos filhotes e assim por diante.

Dois pontos, porém me chamam a atenção nesses debates: 1) há de fato escolha? e 2) existe aceitação da escolha por si só e não do mérito da escolha?

Tenho me indagado cada vez mais profundamente quanto ao real poder de escolha da mulher nos mais variados campos de nossas vidas. Cada vez mais concluo que temos muito menos poder de escolha do que gostaríamos de acreditar e somos cobradas por essas (seja qual forem) de forma incessante e muitas vezes cruel pelas próprias mulheres.

Existe a escolha de evitar a gravidez 100%? Quem nunca fez sexo desprotegido achando que “certas coisas só acontecem com os outros” merece um Nobel da adolescência.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Maternidade ou Carreira - o não tão velho dilema


Projetos como esse à primeira vista parecem positivos mas desconsideram um enorme prejuízo ao mercado de trabalho e à mulher profissional,  reforçando um machismo histórico que faz com que mulheres do mundo todo sejam pior remuneradas, preteridas em promoções e em contratações quando em idade fértil ou com filhos pequenos. 

Como ter uma sociedade igualitária quando a mulher terá que sair do mercado por 1 ano se optar ser mãe ao passo que o homem se afasta por meros 30 dias? Como exigir que o homem participe mais na criação de seus filhos quando a própria lei vem dizer que ele é doze vezes menos necessário do que a mãe? 

A tendência, caso esse projeto seja aprovado é de duas uma: cada vez menos mulheres que desejem se manter no mercado de trabalho se permitirão ter filhos ou cada vez mais talentos femininos optarão pela maternidade com a certeza de que voltar ao mercado será algo se não impossível extremamente difícil (como já acontece em muitos países europeus que promovem essas "benesses"). 

A pior discriminação que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho se relaciona à maternidade.

Um estudo de Stanford oferecia aos participantes dois currículos de candidatos a um posto de consultoria de gestão. Os dois eram de mulheres e idênticos, exceto que um mencionava que a pessoa em questão era parte de uma associação de pais e professores. Segundo a classificação dos participantes do teste, a mulher com filhos tinha chance de contratação 79% menor e ofertas salariais US$ 11 mil mais baixas.

Outro estudo constatou que mulheres altamente motivadas eram vistas pelos empregadores como tão dedicadas ao trabalho que provavelmente eram más mães e isso resultava em aumentos salariais menores e em menos promoções. 

Defendo as licenças em tempos iguais e sucessivos (6 meses para mãe e 6 meses para o pai por exemplo) justamente para equilibrar essa equação que já anda para lá de desajustada para todos os envolvidos (mães, pais, crianças e empregadores). 

Isso jamais será possível com a legislação "forçando" mulheres a escolher entre suas carreiras e a maternidade.

O embate Sheryl Sandberg-Marissa Mayer “executiva mega blaster sucedida que também quer ser mãe” vs. Anne-Marie Slaughter “era super poderosa largou tudo para ficar com os filhos pois não dá para “ter tudo” tem voltado cada vez mais à tona com mulheres de ambos os times se agredindo e se julgando com frases como: “a carreira é menos importante que os filhos” “de que adianta ter dinheiro e não ver seus filhos crescerem” ou ainda (no time das que optaram por ficar em casa), “prefiro ter uma vida simples mas não correr o risco de traumatizar meus filhos” em resposta às críticas das “ambiciosas” que acusam as que abdicam da carreira de “não terem sonhos próprios” ou “individualidade” e assim por diante (leia mais Aqui e Aqui)

Para mim há razão em ambos os argumentos e eles não deveriam ser opostos. Sheryl Sandberg acerta quando diz que devemos procurar parceiros capazes de apoiar nossas carreiras, dividir as tarefas caseiras e motivar-nos a manter nossas ambições. Assim, como acredito que acerta quando alivia a culpa das mães que pedem ou pagam ajuda. Mas também acerta Anne-Marie ao ressaltar que o que precisa realmente mudar, é a cultura das empresas: a ideia de que presença física e jornadas longas, resultem automaticamente em competência no trabalho, o quê já está mais do que provado não é verdade.

É claro que, existem inúmeros outros fatores nesta equação que não abordam as classes onde trabalhar ou não sequer é um questionamento e sim uma necessidade básica de sobrevivência e é obvio que nenhuma das duas esgota os problemas da realidade de mercado feminina que engloba também as classes mais baixas onde a remuneração passa longe de ser justa para as mulheres. Acredito, porém que ter mais mulheres na liderança, transformar a visão das empresas como pretende Anne-Marie e trazer os homens para a equação como sugere Sheryl seja o caminho para trabalhar o problema em forma de cascata.

“Um mundo de fato igualitário seria aquele em que as mulheres comandassem metade dos países e das empresas e os homens dirigissem metade dos lares.” (Sheryl Sandberg) 

Projeto de Lei quer aumentar Licença maternidade para 1 ano

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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Eu aprendi que...


Eu aprendi que:

1) Você não é burro só porque assiste ao BBB e nem um grande intelectual porque posta frases supostamente atribuídas a Nietzsche ou a Clarice Lispector;

2) Assistir um filme nigeriano com diálogos a cada 15 minutos não faz de você alguém necessariamente mais inteligente do que quem assiste à novela das 8 

3) Ser velho não significa ser sábio

4) Ter filhos não faz de você automaticamente uma mulher melhor, muito menos tê-lo sem anestesia

5) A culpa nem sempre é dos seus pais... nem o mérito!

6) Trabalhar 15 horas por dia não fará de você um profissional mais competente ou mais bem  sucedido, mas também não significa que você terá uma vida fadada à decepção e à solidão

7) Ser gay não quer dizer ser promiscuo

8) Ser sozinho não quer dizer ser solitário

9) Ficar em casa cuidando dos filhos não a transforma na mãe do ano assim como gostar do que faz 
não a transforma em uma mãe desleixada ou ausente 

10) Fazer uma grande cagada (e sim, talvez magoar alguém que você ame) não transforma você em um filha da puta assim como doar R$ 10 a uma instituição de caridade não te fará ser a próxima Madre Teresa

11) Ser petista não quer dizer ser conivente com a corrupção tanto quanto ter votado no Aécio não deveria te rotular como filhinho de papai elitista-burguês-imperialista-fdp

12) Perdoar é muito difícil mas esquecer é quase impossível

13) Ter dinheiro não quer dizer ter classe nem educação

14) Ser bonito não quer dizer ser burro e ser "perua" não é sinônimo de ser fútil

15) O amor nem sempre é correspondido, nem a amizade...

16) Ser sarada não quer dizer ser gostosa 

17) Calar não quer dizer consentir nem concordar

18) Querer nem sempre é poder

NÃO SEJA UM CLICHÊ! Dançar um funk até o chão não impede que você se emocione ouvindo Bach!


Ouse, abuse, erre e aprenda sempre! Ah! E NUNCA, NUNCA menospreze o sucesso alheio para justificar o seu fracasso!
Saiba que as pessoas que você mais ama vão te decepcionar algum dia e as que você menos espera irão te surpreender...
Isso é o que eu aprendi até agora... não vejo a hora de desaprender tudo e aprender outras tantas coisas!
Agora, se você é daqueles que pensa: "bandido bom é bandido preso"; "não tenho preconceito, mas..."; "mulher não pode ir para cama no primeiro encontro"; "gay é tudo promiscuo"; que critica os outros o tempo todo... Não se engane, você já É um clichê: o clichê do COMPLETO IMBECIL!!!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sobre o amor...



O post de hoje é sobre o amor, a família que a vida nos dá e os relacionamentos que escolhemos e principalmente sobre o Projeto de Lei conhecido como Estatuto da Família. Para quem não está por dentro, segue o link do PL bem como da enquete à população sobre o tema.



A enquete colocada para apreciação da população brasileira faz o seguinte questionamento:

“Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?”

Eu já votei algumas vezes e fico feliz em ver que a diferença antes gritante a favor do sim vem diminuindo (em abril estava quase 70/30 para o sim) e caminha para um empate chegando aos quase 4 milhões de votos.

Mas voto em enquete não vale nada. Voto que vale é na urna, e na urna nós colocamos Bolsonaro, Feliciano, Russomano e mais um monte de representantes de uma bancada que defende o ódio e o preconceito e a desigualdade de gênero, de orientação sexual e que ataca a família!

Sim, ao contrário do que gostam de bradar, os conservadores-moralistas-neoliberalistas-imperialistas-fiscaisdecuebuceta não são a favor da família, mas sim contra ela e, principalmente contra o amor!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Gente que inspira - Carol Fernandes


Todo mundo já ouviu falar de uma história mais ou menos assim: “nossa, sabe fulano? Então, largou tudo e foi para Índia fazer um retiro espiritual de 6 meses” ou “lembra da fulana? Super workaholic? Então, foi demitida, pegou o dinheiro e foi viajar 6 meses. Hoje é outra pessoa!”

Isso sem falar, obviamente em todas as pessoas influenciadas pelo mega blaster sucesso de “Comer, Rezar, Amar”, também inspirado em uma história real dessas.

Minha reação ao ouvir essas histórias era sempre um misto de cara de “aham sei” e pensamento de “riquinho revoltado-metido à hippie-sustentado pelo pai”.

A sensação é de que essas realidades estão completamente distantes das nossas e, como só ouvimos as que deram certo, continuamos no automático, reproduzindo padrões de infelicidade e auto sabotagem altamente perigosos e quem podem ser letais.

Bem, isso até eu mesma em primeiríssima pessoa com esses olhos que a terra há de comer conhecer e acompanhar a história da Carol.

Bom, antes de qualquer coisa é importante entender como nos conhecemos eu e a Carol, pois já foi meio que num quebra pau por telefone. Eu era advogada e ela gerente de trade-marketing em uma multinacional americana. Ela tinha aquele típico perfil de ex-trainee que virou gerente e se achava a ultima bolacha do pacote. Eu, como toda “ex-estagiária com inveja de trainee” odiava esse perfil. Nenhuma das 2 era de muita papa na língua como podem imaginar...

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sobre a Democracia...

Minha reflexão de hoje ainda é sobre o valor de uma democracia.

Minha monografia de conclusão de curso foi sobre a Teoria do Poder Constituinte. Passaram-se mais de 8 anos de sua apresentação, mas a conclusão (ou um trecho dela) que aqui coloco para reflexão ainda parece atual (ao menos para mim). De lá para cá evolui e mudei muito também, mas o anseio de ver o nosso país cada vez mais sólido como democracia continua enorme.

Brindemos hoje à vitória da democracia. Nunca o Brasil esteve democrático por um período tão longo. Brindemos à oposição que sai desta eleição mais fortalecida! Brindemos à liberdade de expressão (que não se confunde com crime de racismo, intolerância religiosa ou preconceitos de classe!). Brindemos ao futuro, pois na pior das hipóteses, já que estamos com o copo em mãos podemos beber para esquecer! E brindemos à diversidade, aos amigos e ao debate!



"Ao contrário do que alguns possam pensar, através do estudo de nossa história constitucional, facilmente constatamos que, apesar de prolixo, nosso texto constitucional é completo e extremamente avançado.Resta-nos sair do texto para realidade.Essa é uma missão para as nossas gerações, que, apesar de não terem participado do terror que foi a ditadura, precisam sempre ter em mente o quão gratos devemos ser àqueles que nos proporcionaram a possibilidade de vivermos em um regime democrático por mais manco que este seja.


Ocorre, infelizmente que as novas gerações cada vez mais alheiam-se com orgulho a situação política, importam-se cada vez menos com o próximo, com o pobre, armando-se atrás do ódio, da revolta das classes que pode muito bem ser considerada em algumas cidades brasileiras uma verdadeira guerra civil.



Pode parecer difícil achar um paralelo entre todas essas situações atuais e o estudo aqui traçado, mas de fato não o é, quando compreendemos que todos os erros e os acertos de nossos governantes estão diretamente ligados a nossas vidas, e aos rumos que a sociedade irá tomar. E o primeiro passo é sempre o estudo do problema, a busca pelas causas, para que as conseqüências sejam minimizadas, ou, pelo menos, compreendidas.



É preciso que a população tome conhecimento de seus direitos, também de seus deveres e de sua enorme parcela de responsabilidade por tudo que ocorre a sua volta. Desde o assalto que matou seus vizinhos, até o escândalo do mensalão e a seca no nordeste.



Não é nossa intenção viver sentindo-nos culpados, ou ficarmos justificando as ações erradas alheias, mas tão-somente compreendermos a dinâmica da sociedade e da política, além do direito, para podermos resguardar-nos agindo da melhor maneira para nós mesmos, nossos filhos e a sociedade como um todo.



É preciso termos mais consciência que devemos sim tomar uma atitude diante de todos os absurdos que somos obrigados a assistir toda noite no Jornal Nacional, principalmente nós operadores do direito e das ciências sociais.



É preciso buscar soluções democráticas e jurídicas, levando também ao Judiciário um problema originário do Executivo e do Judiciário".



Bolsa Esmola (???)


Esse post é para você que clama aos 7 ventos que o que "o povo" precisa não é de Bolsa Esmola e sim de educação e saúde de qualidade. E que o seu pai/mãe/avô/avó/tiodeterceirograu sei lá o quê, saiu do nada e construiu com o seu árduo esforço (e somente isso) uma vida digna de classe média sem precisar de nenhum tipo de ajuda do governo. Para você que se ilude que as oportunidades existem para quem quer estudar/trabalhar de forma igual e que a meritocracia seja uma realidade em todos os cantos desse mundão.

Gostaria que engolisse por um minuto seu discurso pronto e olhasse para essas fotos e dissesse isso para essas crianças.

Não diga "eu entendo que é difícil". Você não entende NADA meu amigo(a)! Você não tem a menor e mais pálida ideia do que é nascer, viver e morrer sem ter absolutamente a mínima condição básica de subsistência. Você não pode nem começar a imaginar o que seja isso... então não tente... apenas pare de falar/escrever bobagens!

Você que é um aluno medíocre, que se não tivesse tido as OPORTUNIDADES que teve não serviria nem para ser gari (com todo o respeito aos garis!) 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Desabafo de uma Segunda-Feira chuvosa

Eu estava aqui de saco cheio dessa segunda-feira que já começou me roubando uma hora de sono... após um debate entre presidenciáveis nos quais não tenho nenhum tesão em votar e rolando uma timeline repleta de baboseiras e argumentos baratos defendendo este ou aquele candidato. Estava aqui pensando o quanto me sinto injustiçada por recentes acontecimentos (ou a falta deles) em minha vida... e me deparo com este vídeo. Com esta história, com esta MULHER!

E não tenho fôlego de dizer ou pensar absolutamente mais nada. Meu coração está sim apertado, minha garganta está sim travada, mas a palavra que me vêm à cabeça e ao coração é GRATIDÃO.
Como poderia ter sido a minha e a sua vida se simplesmente por alguma razão (cármica ou não) tivéssemos nascido a alguns mil quilômetros daqui, onde a mulher é uma coisa??? Sim, temos muitos problemas de machismo por aqui também e muito por fazer e lutar, mas temos liberdade para tanto, ao menos no papel. A Constituição nos protege e o sistema de alguma forma tem que nos engolir.

O documentário me toca de uma forma profunda, pois o que me pergunto agora não é mais: porque eu não consigo ser mãe, ou que eu quero me realizar mais profissionalmente, mas a única pergunta que me vêm como um martelo na mente é: o que eu estou fazendo para ajudar mulheres como Soheila? O que estou fazendo, não apenas no sentido de arregaçar as mangas e me alistar à ONGs ou algo do gênero (que também não tenho feito... e poderia estar fazendo...) mas mais: como mulher, o que tenho feito? Tenho valorizado o fato de eu ter escolhido o homem com quem passarei todos os anos que eu quiser da minha vida? Estou ciente (no sentido mais profundo) de que ter ou não ter tido 1 ou 20 parceiros sexuais era e foi uma escolha única e exclusivamente minha? Como valorizo a liberdade de escolha de não ter tido filhos quando não estava absolutamente preparada mental e financeiramente?

Aí eu me deparo com mais um post de alguma mulher indignada com aquela que queimou o sutiã! E a minha vontade é de mostrar esse vídeo (e tantos outros) e gritar: DIGA A SOHEILA O QUANTO TE INCOMODA TER QUE LEVANTAR E TRABALHAR NA PROFISSÃO QUE VOCÊ ESCOLHEU (MAS CUJA FACULDADE SEU PAI PAGOU!!!) PARA GANHAR O SEU DINHEIRO E PODER DAR UM PÉ NA BUNDA DAQUELE SEU MARIDO MALA! (maiúscula é como se grita na internet!)

É hoje não estou boa... deve ser a progesterona da fase lútea, pode ser até a TPM já dando as caras... ou pode ser apenas um choque de lucidez, de clareza e de tristeza. De remorso e de culpa por ser tão privilegiada e ao mesmo tempo me sentir as vezes tão injustiçada.

A reflexão de hoje portanto é: o que estamos fazendo diariamente em nossas vidas para valorizar as conquistas de nossas antepassadas? E o que podemos fazer para conquistar mais para as nossas descendentes?

Mas a minha reflexão mais profunda mesmo (e muito íntima) é: HOJE NÃO É DIA PARA FACEBOOK!

O vídeo é profundo e vale a pena! Assistam até o final!

http://nyti.ms/1yPX77K












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sábado, 27 de setembro de 2014

Sobre a Emma Watson e o machismo...



De todos os preconceitos enraizados na sociedade e no inconsciente coletivo, o machismo certamente é o mais presente e o mais letal e sem dúvida o mais difícil de extirpar. Inicialmente é curioso já que não afeta uma minoria, por suas características, muitas vezes extremamente sutis e por contar com opressores e oprimidas advogando em seu favor ainda que inconscientemente.

Na última semana repercutiu muito na mídia o discurso sobre feminismo na ONU da atriz britânica Emma Watson e o vídeo se tornou um viral sendo compartilhado por milhões de pessoas e gerado também uma série de ameaças à atriz.

Nada do que ela disse é novo, nada que não esteja sendo dito por inúmeras mulheres mais ou menos anônimas que lutam diariamente por direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres. E dentre os milhares de compartilhamentos, tenho certeza de que muitas e muitos de alguma forma também coadunam com atitudes e pré-conceitos machistas sem se quer dar-se conta.

Percebo conceitos machistas diariamente em afirmações, acontecimentos e tradições de nossas culturas e da sociedade em geral que nem nos damos conta de quão embebidas de puro e velho machismo elas estão.

Em uma mesa de bar começa uma papo sobre a gravidez da mulher do fulaninho. E já começam as piadas dos colegas de bar “se prepare, se for mulher... já viu” e alguém sempre solta a famosa: “eu não tenho preferência de sexo, mas acho que homem é mais fácil de lidar. Dá menos preocupações” 
Oi??? Ainda bem que você não tem preferência! Ufa!

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Man in the Mirror - Uma reflexão pré eleitoral

Em homenagem ao que seria o aniversário de 56 anos de um dos maiores artistas que a humanidade já viu por aqui, uma música que traz uma mensagem de importante reflexão para esta sexta-feira cinzenta principalmente em um período eleitoral. 

Não é fácil andar por aí vendo tanta injustiça, falta de humanidade e desamor. Nos sentimos desesperançosos e, em tempos de redes sociais e smartphones, reclama-se muito de tudo e de todos a todo o tempo. 

Ao correr os dedos pela timeline do meu facebook (especialmente em época de campanha eleitoral quando surgem os entendidos de 2 em 2 anos) pergunto-me como é que o mundo é um lugar ainda tão cinzento e escorregadio, se todas as pessoas são tão justas e indignadas com as desigualdades e desonestidades cometidas pela classe política. Ler o facebook em alguns momentos é como assistir programa eleitoral. Os problemas parecem todos de tão fácil resolução e todos parecem tão honestos e de retidão inquestionável que fica no o ar o porquê de ainda estarmos expostos a tantos absurdos impregnados em nossas entranhas sociais. 

E aí me deparo, neste momento, nostálgica que estou de um cantor que tanto aprecio, com a obvia e ululante resposta: a única forma de mudar o mundo é mudarmos a nós mesmos e a mudança só funciona quando é de dentro para fora! 

Falta olhar para si para apontar defeitos e olhar para fora com mais carinho e menos julgamento! Falta se olhar no espelho e enxergar a própria podridão e sordidez e, ao invés de apontar sempre os mesmos culpados, responder-se com a sinceridade mais cruel possível: o que VOCÊ aí do espelho está fazendo para mudar o mundo?

Está pagando seus impostos? Ou está dando “jeitinho”? Quantas vezes usou o acostamento esse ano “porque estava atrasado”? E as filas? E aquele favor que o teu amigo/parente que trabalha na repartição X te quebrou? Ahhh mas era porque no seu caso de fato era muito importante, né?

E como está educando seus filhos? Fala que é não é machista, mas acha que mulher não pode “dar por aí” e que a sua filha tem que ser “menina para casar” enquanto seu filho é o garanhão da faculdade? Ou, se diz não homofóbico, mas não deixa seu filho fazer ballet “porque é coisa de menina ou de boiola?” É contra o Bolsa Família porque é populista e não ensina a pescar, mas dá aquela contribuição mensal a uma instituição de caridade porque é mais fácil do que ir lá ajudar semanalmente? Ou nem isso? É contra a desonestidade, mas cola na prova? E quantas músicas e filmes já baixou esse mês sem pagar pelos direitos autorais?

A lista de exemplos de hipocrisia com a qual nos depararíamos olhando com mais atenção para nós mesmos é imensa. E necessária se quisermos de fato que o mundo se torne um lugar melhor!  

Michael Jackson foi um ídolo de imensa dicotomia também, mas colocou em lindas palavras e emocionante melodia uma mensagem que permanecerá atual por muitos e muitos séculos após a sua morte:

"I'm starting with the man in the mirror
I'm asking him to change his ways
And no message could have been any clearer:
If you wanna make the world a better place

Take a look at yourself and then make a change" 


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ouro de Tolo

Quem nunca sentiu um enorme vazio mesmo aparentemente tendo "tudo"? Quantos de nós sonhamos por anos em escalar a complicada montanha da hierarquia corporativa e ao chegarmos lá nos perguntamos: é só isso?!! com um grande ar de decepção? Quantos, neste momento entenderam exatamente o sentido por trás do clichê de autoajuda tão piegas quanto verdadeiro: a felicidade está dentro de nós independentemente do ambiente externo, do dinheiro, da fama, do poder.

ESTAR feliz é um estado de espírito e o desafio maior não é conquistar as coisas e as pessoas, mas a nós mesmos. E como diria aquela música trollagem da nossa infância: "parece fácil, mas é difícil, um belo dia você vai ter que aprender" se não quiser passar a vida correndo atrás do vento.

Essa letra do Raul já me inspira no título. Ouro de tolo... que somos todos, buscando fora o que já temos dentro... passando para outra pessoa, outra coisa, outro cargo, outra vida a responsabilidade pela nossa felicidade. E nos sentindo culpados quando alcançamos tudo que achávamos que a traria até nós, mas percebemos que a tal da felicidade não se apresentou.

Tolos que não se dão conta de que a tristeza e a dor são apenas o outro lado da felicidade. A sombra que permite que a luz brilhe.

Ruim mesmo é o vazio... o nada... a ausência de algo que não sabemos o que é... e que nos faz correr atrás do vento numa vã tentativa de alcançar o que nos acompanhou o tempo todo...

Toca Raul!


Ouro de Tolo

Raul Seixas

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome
Por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "E daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador
Ah!
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador

https://www.youtube.com/watch?v=-pbC1QNXTEI