quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Carpe Diem (??!!)



Um belo dia eu resolvi mudar...

E fazer tudo que você queria fazer?

Quantas pessoas, após uma experiência de quase morte relatam ter resolvido revolucionar a forma como viviam suas vidas aproveitando muito mais cada momento? Qual a razão por trás disso? Existem algumas, na minha visão: momentos como esse nos dão um choque de realidade quanto à nossa tão humana finitude e mortalidade (ao menos corporal); o tão comum e equivocado sentimento de que “certas coisas só acontecem com os outros” e, principalmente, a falta de espiritualidade (e aqui não me refiro à religião, mas ao sentimento de pertencimento a algo maior e inexplicável!) que leva as pessoas a viverem suas vidas focadas apenas no material, esquecendo, portanto do legado que devem deixar nessa vida, neste plano.

Nossa sociedade ao mesmo tempo em que é extremamente imediatista e regida por um padrão de consumo que nos proporciona prazeres e satisfação muitas vezes momentâneos e fugazes, também é repleta de bordões como “quando eu...”. Sim, no “projeto verão” da vida, sempre vamos ser mais felizes em algum outro momento quando determinada situação acontecer. E como bons procrastinadores que somos esquecemos muitas vezes de colocar em prática as ações que nos levariam àquele momento tão sonhado o que, claramente, alimenta um ciclo de auto sabotagem e comiseração.

Uma experiência de quase morte é um despertar para muitas pessoas no sentido de sim aproveitarem cada momento, mas, principalmente, de contentamento, que não deve jamais ser confundido com acomodação. Contentamento, na minha visão, implica ser feliz aqui e agora com as ferramentas que temos em mãos ao mesmo tempo em que buscamos ampliar a nossa caixa de ferramentas. E mais: contentamento é estar presente. É estar ali focado no que você está fazendo e sentindo tudo que aquela experiência te proporciona de bom e de aprendizado. Quantas vezes nos pegamos no automatismo? Pegamos nosso carro e vamos e quando vemos já estamos em outro lugar sem sequer ter-nos dado conta.

Podemos usar a metáfora do carro para a vida. Muitas vezes vivemos no automatismo por anos a fio sem nos darmos conta do que estamos vivenciando. Sem estarmos “presentes”. E aí a vida passa e soltamos a clássica: “nossa como a vida passa rápido!!!”. (sempre com suspiros de lamentação)

Quem já tentou ficar 5 minutos meditando, apenas se concentrando no ato da respiração sabe o quanto pode ser complicado se concentrar no momento e estar presente em si mesmo.

Será que se não fizéssemos mais esse exercício ao longo da nossa existência terrena a vida não passaria menos de pressa? Será que não seriam mais ricas e intensas nossas experiências e vivências? E sim, aqui incluo as boas e as negativas, pois é preciso mergulhar no sofrimento para apreciar o alívio.

O que pode até ser considerado um clichê do carpe diem torna-se mais complexo quando nos empenhamos não apenas a viver hedonisticamente os momentos e os prazeres, mas a estar por inteiro nas experiências que essa vida nos proporciona.

Quem sabe a nova versão da música da Rita Lee não poderia ser “um belo dia eu resolvi mudar e ESTAR em tudo que eu devia fazer...”

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