Circulou bastante pela internet tempos atrás um artigo bem humorado que trazia uma explicação até bastante lógica para
justificar uma suposta frustração desta geração em e com suas vidas
profissionais. Eu acho até que compartilhei esse artigo na época, mas
recentemente me foi encaminhado novamente e não pude deixar de lê-lo com outro
olhar após tanta água ter rolado debaixo desta ponte!
Antes é
preciso que eu faça a ressalva de que sim, eu também sou uma Y embora nunca
tenha me considerado uma “típica” fato que sempre atribui a ter passado longe
da infância yuppie descrita pela maioria dos psicólogos ao explicar a
patológica arrogância e exacerbada autoestima de um Y clássico!
Bem, antes de
mais nada, me dei ao trabalho, antes de escrever esse texto, de ler mais de um
artigo de experts no assunto, inclusos esse aqui e esse outro aqui e parar para tirar minhas próprias conclusões. Vou reforçar, porém que, as conclusões
que aqui trago são baseadas na minha
visão de mundo e nas minhas
experiências profissionais (de quase uma década) com chefes, colegas e “subordinados”
também Y, X ou Baby-Boomers. (hummm talvez eu seja uma típica Y que olha
somente para o próprio umbigo! ;) )
Então, as
principais críticas à minha geração seriam que “por ter crescido com pais que te
fizeram acreditar que você era especial e que o fracasso era relativo, você
espera que o mundo se curve aos seus pés e que as empresas te transformem em
CEO em 2 anos (quando não em menos), quando na realidade o que precisamos é cair na real, parar de
viajar na batatinha, de achar que chefe é brother e pode ser tratado como tal e
entender que S-U-C-E-S-S-O deve necessariamente ser precedido de muito
T-R-A-B-A-L-H-O – leia-se: horas extras intermináveis fazendo planilhas inúteis
e sem propósito para agradar seu chefe estúpido que mal sabe diferenciar onde
começam as bolas do chefe e onde termina a língua dele!” UFA! Acho que consegui
resumir!
Sabe o que eu
acho disso? BULLSHIT!!! Como diriam os colegas no USA ou como diríamos aqui em
terras tupiniquins mesmo PAPO MUITO DO FURADO!
Acredite, eu
conheço muitos Ys! Muitos mesmo e NUNCA ouvi alguém me dizer que estava
insatisfeito no trabalho porque queria ser promovido gratuitamente... já ouvi
sim (e pensei também) coisas como: “meu chefe é um bosta e me pede coisas sem
propósito!”; “metade dos meus colegas não faz porra nenhuma e eu estou
trabalhando 12 horas por dia para cobrir a parte deles e isso NÃO E LEGAL!”; “não
me identifico mais com os valores da empresa”; “quero ter uma vida pessoal em equilíbrio”;
“quero ter qualidade de vida”; “quero aprender algo novo e não ficar fazendo
relatório em excel ou apresentações em power point que servem única e exclusivamente
para justificar números imbecis que algum diretor falou que iria fazer e agora
o departamento inteiro tem que ficar tentando demonstrar o número dele ao invés
de assumirmos que erramos e encontrar uma solução mais eficaz”.
Tudo isso eu
já ouvi sim e quer saber? Eles estão certos!
O que os
Baby-Boomers e Xs chamam de “trabalho duro” e que nós supostamente não gostamos muito foi a custo de relacionamentos, de
vida pessoal estraçalhada (sim, somos os filhos dos divórcios!) ou de muita
puxação de saco, para depois serem demitidos com um belo de um pé na bunda e
ainda levarem para o pessoal.
Falamos com
chefes e colegas com informalidade pois respeito tem que ser conquistado e não
imposto! Na geração X chefe era chefe e ponto final, assim como pais usavam respostas altamente
complexas como “porque sim!” e “porque eu estou mandando” para os questionamentos saudáveis e justificáveis de seus pimpolhos.
Não há nada
de errado em acharmos que podemos ser promovidos em 1 ano se a pessoa que ocupa
o lugar almejado de fato está lá há 10 anos fazendo a mesma baboseira de sempre
sem trazer nada de significativo ou que contribua apenas ganhando mais por “antiguidade”. Acredite: nenhum Y despreza um chefe que de
fato seja líder e com o qual aprende! Agora, se você não tem nada a ensinar não
reclame se eu acho que mereço o seu lugar!
Mudamos de
emprego se não estamos satisfeitos com a forma como os negócios são conduzidos
porque precisamos acreditar no que fazemos! E não, não iremos nos conformar com
“sempre fizemos assim” pois foi isso que nos levou ao aquecimento global, à
falência dos recursos hídricos, à crise de 2008 (só para citar mais uma), à uma política degenerada e a práticas
empresariais de assédio no mínimo questionáveis!
Não somos “revoltados”.
Temos valores éticos elevados e separamos e reciclamos o lixo! Fumamos menos, comemos melhor
e queremos deixar um mundo mais justo e igualitário para os nossos filhos com
os quais sim queremos passar a maior quantidade de horas possíveis mesmo tendo
uma carreira. E não sou só eu que estou dizendo isso mas os números.
Fala-se muito
que os Y “acham que o trabalho deve ser uma extensão da sua casa com uma
atitude ‘se nem meu pai fala assim comigo, quem esse chefe pensa que é para fazer
isso?’” e eu não consigo entender onde está o erro neste raciocínio!!! Não
devem as pessoas se tratarem com respeito mútuo? O que faz do “chefe” alguém
tão especial? Não é ele um líder que deve conduzir sua equipe ao melhor
resultado possível gerando lucros à organização? Então, qual é realmente o
problema desse chefe em ser confrontado pelo colaborador?
Tenho a
impressão de que os mesmos chefes reclamões-mimimi quanto à geração Y são os
que não entendem que existem formas mais sábias e saudáveis de se disciplinarem
os filhos que não a violência e continuam compartilhando (sim X também povoam as redes sociais) imbecilidades como: “no
meu tempo a gente apanhava de cinta e nem por isso morreu e ainda de quebra
aprendeu a dizer por favor e obrigada!”. Pena que no seu tempo também se poluíam rios impunemente e se achava a coisa mais normal do mundo "a mulher se dar ao respeito", bullying nem era uma palavra e o Papai Noel fazia propaganda de cigarro... É, isso sim era legal para cassete!
Quanto à "problemática" do querer realizar sonhos a qualquer momento, sem precisar “correr atrás” para
mim nada mais é do que um sistema antigo de exploração de mão de obra inconformado com
a perda de empregados dispostos a aceitarem tudo quanto é tipo de imposição e de
merda goela abaixo em nome da “estabilidade” no emprego!
E daí, se eu
quiser largar meu emprego na firma para virar palhaça de circo? É você quem vai
pagar minhas contas? E se forem meus pais, o que é que você tem a ver com isso?
Não seria problema deles? E se você acha isso errado (que eles paguem) não
seria então um problema mais da geração anterior (pais) do que propriamente da Y? Acredite:
quando se trata de sobrevivência não há geração que não corra atrás do seu... Isso
é ainda mais verdade considerando que a busca por talentos continua aquecida e
são as empresas que não conseguem reter esses profissionais e não o contrário!
Não vejo amigos Y que tomaram decisões ousadas se lamentando por aí de suas
decisões... vejo sim empresas desesperadas por não conseguirem reter seus
talentos com práticas de motivação ultrapassadas, jornadas inflexíveis e
ambientes hostis que não propiciam um bom relacionamento e trabalho em equipe (coisa que todo bom Y que se preze A-M-A, afinal, somos também a geração do RPG)!
Outro mantra
comum é o de que as expectativas dessa geração são muito altas, o que gera
frustração. Eu já acho o contrário! Acho que as expectativas da geração
anterior é que eram baixas demais! Desculpem mas ninguém vai me convencer de
que uma vida na qual trabalharei 30 anos como um camelo esperando a promoção
vir pelo bom humor do chefe sem ter qualidade de vida com a minha família, sem
poder viajar e desfrutar de minhas férias, tendo que aturar tudo quanto é chefe
bunda por aí, irá compensar a boa aposentadoria que receberei para os deliciosos 15-20 anos de
viagens com idosos como eu para termas que aparentemente são boas para o
reumatismo!
Não há nada
de errado com as nossas expectativas de uma vida mais equilibrada, com
qualidade de vida e relacionamentos mais profundos, enquanto lutamos por
conceitos como igualdade (social, de gênero, etc.) e melhora do meio ambiente antes
que o planeta exploda com todos nós dentro dele!
Mudanças são
desconfortáveis! Choques geracionais existem e existirão sempre e isso é
bom pois eles trazem questionamentos quanto ao status quo e combinam, ou ao menos deveriam, experiência com
jovialidade, frescor e ideologia (que meus amigos mais velhos concordarão só são possíveis
de se manter quando se é jovem, pois, como diria meu avô, "quando já se viu
demais na vida é quase impossível manter-se um otimista!")
E outra
coisa: somos todos especiais SIM! Até Jesus Cristo disse isso, então não vai
ser um patrãozinho qualquer que vai me convencer do contrário... né não?! ;)
Então hoje,
após muito refletir chego à seguinte conclusão: sou sim uma típica Y! Quero
mesmo ter qualidade de vida e ao mesmo tempo quero aprender coisas novas e
trabalhar muito, mas no que me dá prazer e para um líder que me inspire e me ensine! Não para um burocrata que coça o saco o dia todo e fica me pedindo bizarrices! Quero também ter uma família e viajar
aos finais de semana e nas férias para lugares desconhecidos! Quero deixar um
mundo melhor para os meus filhos e quero que eles saibam que realmente a
vitória não é o único mérito, que o “como” é tão ou mais importante do que o “quê”
e que todos devem ser tratados com respeito, sejam chefes, colegas, liderados,
pais, mães, avós e filhos! Quero que eles saibam que tudo bem também vender água de coco na praia pois dinheiro não é tudo na vida, mas que isso vai significar renunciar possivelmente a outras coisas que só o dinheiro compra! Quero que eles acreditem, assim como eu hoje
acredito, que tudo bem ir viajar o mundo e depois voltar, que empresas sempre
estarão por aqui esperando alguém que as ajude a ganhar mais dinheiro para seus
acionistas, mas que a vida, o momento, o olhar, esses são únicos e não voltam
mais e portanto é com esses que devemos nos preocupar mais!
Esse post é
dedicado à minha amiga e puta profissional Karen Duque e à Carol Fernandes que
representam um pouco do que há de melhor dessa geração...
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