“Na vida você tem de escolher entre tédio e sofrimento”. (Madame de Staël)
Venho de uma família de artistas
e sempre me intriguei com o como a produção e a qualidade da arte constantemente
parecem estar ligadas ao sofrimento do artista. Momentos de paz e serenidade
parecem não serem produtivos ou “não renderem conteúdo”. Não preciso olhar
apenas para minha família para verificar essa máxima. Basta folhear revistas de
celebridades, biografias de grandes artistas e documentários para verificar
como são constantes os casos de grandes gênios infelizes, com vidas pessoais
péssimas, relacionamentos doentios, muitas vezes afundados em vícios
autodestrutivos.
De fato momentos de paz e
tranquilidade e rotina não foram muitos na minha infância e adolescência e,
talvez até por isso, como forma de rebelião ao crescer busquei me distanciar ao
máximo dessa realidade procurando uma carreira tradicional e estável muito
pouco ligada à criatividade no sentido estrito!
Mas como dizem por aí “sangue não
é agua” e de certa forma sempre trouxe em mim através da escrita um resquício de
artístico e de criativo. Quando criei esse Blog para dar vazão a essa faceta
assumi comigo mesma o compromisso de postar ao menos X textos dentro de um período
Y. O próprio Blog e muito do conteúdo que produzo surgiram de momentos de
angústia, de questionamento e, porque não de sofrimento mesmo!
Comecei a perceber que de fato em
momentos em que estou “mais feliz” a criatividade aflora menos, a calma toma o
lugar da inquietação e parece que a serenidade é inimiga da escrita.
Precisamos então sofrer para produzir conteúdo de
qualidade artística? Estarão os grandes gênios e aqueles que assim quiserem ser
considerados, fadados à miséria humana sentimental para que possam produzir sua
arte? É possível conciliar uma vida serena com conteúdo artístico de qualidade
ou seria a felicidade irmã da mediocridade?
Uma explicação interessante atribui a produção artística
à intensidade dos sentimentos e ao como quando sofremos ficamos mais abertos e sensíveis aos mesmos.
E aí outra pulguinha começou a me cutucar: será
então que o sofrimento é mais intenso do que a felicidade? Será que a dor é
mais ardida do que o carinho é reconfortante? Na escala Richter dos sentimentos,
qual o que causa o maior abalo sísmico?
Ainda estou em busca das respostas, mas por via das
dúvidas quero buscar a intensidade na alegria! Quero produzir estando feliz
tanto quanto estando pra baixo... quero que os gozos sejam mais intensos que as
lágrimas e que o sorriso seja mais criativo que a dor...
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