quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Criar é sofrer?

“Na vida você tem de escolher entre tédio e sofrimento”. (Madame de Staël)

Venho de uma família de artistas e sempre me intriguei com o como a produção e a qualidade da arte constantemente parecem estar ligadas ao sofrimento do artista. Momentos de paz e serenidade parecem não serem produtivos ou “não renderem conteúdo”. Não preciso olhar apenas para minha família para verificar essa máxima. Basta folhear revistas de celebridades, biografias de grandes artistas e documentários para verificar como são constantes os casos de grandes gênios infelizes, com vidas pessoais péssimas, relacionamentos doentios, muitas vezes afundados em vícios autodestrutivos.

De fato momentos de paz e tranquilidade e rotina não foram muitos na minha infância e adolescência e, talvez até por isso, como forma de rebelião ao crescer busquei me distanciar ao máximo dessa realidade procurando uma carreira tradicional e estável muito pouco ligada à criatividade no sentido estrito! 

Mas como dizem por aí “sangue não é agua” e de certa forma sempre trouxe em mim através da escrita um resquício de artístico e de criativo. Quando criei esse Blog para dar vazão a essa faceta assumi comigo mesma o compromisso de postar ao menos X textos dentro de um período Y. O próprio Blog e muito do conteúdo que produzo surgiram de momentos de angústia, de questionamento e, porque não de sofrimento mesmo!

Comecei a perceber que de fato em momentos em que estou “mais feliz” a criatividade aflora menos, a calma toma o lugar da inquietação e parece que a serenidade é inimiga da escrita.

Precisamos então sofrer para produzir conteúdo de qualidade artística? Estarão os grandes gênios e aqueles que assim quiserem ser considerados, fadados à miséria humana sentimental para que possam produzir sua arte? É possível conciliar uma vida serena com conteúdo artístico de qualidade ou seria a felicidade irmã da mediocridade?

Uma explicação interessante atribui a produção artística à intensidade dos sentimentos e ao como quando sofremos ficamos mais abertos e sensíveis aos mesmos.

E aí outra pulguinha começou a me cutucar: será então que o sofrimento é mais intenso do que a felicidade? Será que a dor é mais ardida do que o carinho é reconfortante? Na escala Richter dos sentimentos, qual o que causa o maior abalo sísmico?

Ainda estou em busca das respostas, mas por via das dúvidas quero buscar a intensidade na alegria! Quero produzir estando feliz tanto quanto estando pra baixo... quero que os gozos sejam mais intensos que as lágrimas e que o sorriso seja mais criativo que a dor...





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