Todos os dias, no mundo todo, mulheres sofrem algum tipo de violência simplesmente pelo fato de serem mulheres. Isso não é novidade e a aprovação do PL que transformou o crime de ódio contra a mulher em crime hediondo trouxe mais uma vez o assunto às primeiras páginas de nossas timelines.
A importância
de lutarmos por direitos iguais e pelo fim da violência contra a mulher e de
incorporarmos o conceito de que #oFeminismoSouEu é tema constante aqui no Blog
e nas minhas rodas de debate.
Eu vivi a
violência doméstica dentro de casa e conheço
várias pessoas que, de uma forma ou de outra, também presenciaram casos de
violência em suas próprias famílias. Por isso mesmo, sei também o quão difícil
é se livrar dessa violência. O quão penoso e assustador pode ser tentar romper
o ciclo pois, por incrível que pareça, desvencilhar-se do predador pode ser um
pesadelo ainda maior do que a violência do convívio íntimo.
Até hoje eu
não conhecia a história da Karinny. Quando ela me enviou uma mensagem pedindo
ajuda eu não sabia ao certo que tipo de ajuda eu poderia oferecer, apenas sabia
que um pedido de socorro de uma mulher em situação vulnerável não poderia ficar
sem resposta. Combinamos pelo Face de nos falarmos e então liguei para ela de
manhã.
Ao ouvir o seu
relato a minha voz embargou. Me deu um nó na garganta e não foi de pena, não
foi por ela estar vivendo uma situação tão difícil e infelizmente tão comum.
Foi de emoção e admiração! Uma mulher, como tantas nesse Brasil e nesse mundo
que sofrem as consequências não apenas do patriarcado e do machismo mas da política
podre e da influência corrupta que ainda assola o nosso País. Uma mulher que
não se deixou abater e não apenas teve coragem de sair de uma relação de abuso,
mas que fez disso a sua causa! Que fez da sua dor e da sua luta a luta de
muitas!
A história da
Karinny é a de tantas outras. Casada há 12 anos e com dois filhos em 2007 tomou
coragem para pedir a separação devido à violência e humilhação às quais era
submetida. Assim como na maioria dos casos, obteve a guarda dos filhos e
deveria receber uma pensão do pai para as despesas com os menores.
Claro que, como
todo predador que se preze, ele não se deu por vencido e frequentemente “insistia”
(vocês sabem um que insistir significa nesses casos!) em um retorno. Como a
maioria das vítimas Karinny cedeu algumas vezes e em todas a violência vinha
novamente à tona. Como derradeira forma de ameaça, o ex passou a não pagar mais
a pensão. O que a levou finalmente a recorrer à “Justiça” em 2011.
O que ela não
sabia é que o homem que por tantos anos abusou dela intimamente passaria a
fazer da vida dela um inferno no judiciário. Ao todo correm 8 processos (número
dos processos abaixo), sendo que em janeiro de 2012 além de perder a guarda dos
dois filhos foi condenada em pensão alimentícia no valor de 80% do salário
mínimo (Karinny é bolsista da Capes e recebe R$ 1.500). Não tendo sido sequer
citada da ação de execução teve sua ordem de prisão civil decretada pelo não
pagamento de uma dívida acumulada no valor atual de R$12.700.
A decretação
de prisão acabou gerando grande repercussão e comoção pública e, finalmente o caso ganhou
visibilidade nas redes sócias e na imprensa (Local, Estadual, Nacional e
Internacional), conseguindo o apoio dos Movimentos Sociais Feministas que fizeram
uma Campanha de Arrecadação em prol da Karinny.
Nada disso
impediu que a alienação parental continuasse, pois Karinny não tem notícias dos
filhos deste de outubro de 2013 e considerando que passou mais de 1 ano sem
vê-los (de 2012 a 2013) são quase 4 anos da mais dura e baixa forma de
violência contra uma mãe!
Até pessoas
próximas dela a julgaram por ter “escolhido” essa situação ao abandonar um marido
que lhe proporcionava uma vida “boa” com direito a carro, casa, cartão de
crédito. Quem se importa se o preço que ela pagava era o da sua própria dignidade, não é mesmo?
O caso de
Karinny é uma sequência de nulidades e de absurdos jurídicos. Você pode estar
aí se perguntando o porquê então!? O que há de errado nesses processos? Qual a
pegadinha?
Bem, o
ex-marido da Karinny é Promotor de Justiça do Estado de Pernambuco (cujo
salário inicial de carreira é de R$ 19.383,87!).
O caso da
Karinny dói em mim como mulher, como vítima de violência doméstica e como
operadora do Direito! Dói saber que por mais leis que tenhamos ainda vivemos em
uma realidade na qual as autoridades que deveriam servir usam sua função para
serem servidos e para seus próprios objetivos escusos.
Mas o que eu
gostaria de dizer à Karinny é o tamanho da admiração que tenho por mulheres
como ela! E que embora ela esteja pagando o preço mais alto, que a luta dela
servirá a muitas e que, no que depender de mim, não ficaremos caladas! Gostaria
de dizer a ela que #SomosTodasKarinnyOliveira porque a violência contra ela é a
uma violência contra todas nós!
E a você
leitor e leitora deste Blog, gostaria de pedir ajuda também... divulgue, repasse,
contribua! Não se cale! Não deixe a dor e a luta dela serem em vão! Veja abaixo como ajudar!
Obrigada
Karinny por compartilhar a sua dor comigo e por confiar em mim para contar a
sua história!
Obrigada por não esmorecer e por brigar com todas as suas forças
contra um sistema muito maior do que eu e você mas que precisa urgentemente
mudar!
Quem quiser contribuir com o pagamento da "dívida" da Karinny pode enviar doações. As mesmas estão sendo recebidas na conta da irmã dela Thays Lima de Oliveira
Banco 104
Caixa Economica Federal
Ag. 3016 OP 013
C/P 9317-0
Saiba mais
sobre o caso da Karinny:
Saiba mais
sobre a Lei Maria da Penha
Nenhum comentário:
Postar um comentário