terça-feira, 22 de julho de 2014

Gente que inspira - Eliane Girão

Quando você conhece a Eliane, talvez se pergunte: “nossa ela querida demais, deve ser falsidade, não é possível que alguém seja tão boazinha”. Pois é, e aí, se você se der essa chance de conhecê-la mesmo, você constata que sim, é possível alguém ser tão “boazinha” e que o coração dela é enorme e que os sorrisos, abraços e beijos são sinceros e desarmam a gente. Talvez por estarmos acostumados a um mundo superficial, onde as pessoas dizem “passa lá em casa” sem nunca lhe dar o endereço, a Eliane seja um ponto tão fora da curva. Alguém que ajuda sem querer algo em troca. Alguém que não pode ver outra pessoa triste que já pensa em mil maneiras de fazê-la sorrir e, principalmente, alguém que acredita no poder do amor e do abraço! Quem nunca foi abraçado e beijado pela Eliane que atire a primeira pedra!


Ocorre que, por trás dessa menina (sim ela ainda tem o espírito de uma menina, embora seja uma mulher feita, empresária bem sucedida e mãe e esposa de uma família linda!) com o sorriso largo existe uma história de superação que poucos conhecem. Uma mulher de fibra, com uma vocação nata para os negócios, como ela mesma diz, muita vontade de fazer acontecer e grande disposição para o trabalho.



Desde pequena gostava de trabalhar e principalmente de vender, de estar próxima a pessoas. Começou a trabalhar cedo com o pai vendendo flores artesanais nas feiras livres em São Paulo.
Quem já tentou empreender nesse país sabe que não é nada fácil, sem nenhum capital financeiro inicial, conseguir criar, desenvolver e principalmente manter uma empresa focada na retenção de talentos e foco no cliente.



A ESG Corp nasceu em 2003 no quarto da casa dela, após um convite para representar uma empresa de sistemas de gestão jurídica, algo completamente novo no mundo jurídico ainda. Mesmo sem dominar absolutamente nada sobre tecnologia e muito menos sobre o segmento jurídico, conheceu o produto e logo começou a fazer grandes vendas e parcerias para a divulgação da empresa desenvolvedora de sistemas, tornando-a, em pouco tempo, muito conhecida em São Paulo. As dificuldades foram inúmeras: resistência dos advogados à tecnologia como ferramenta de trabalho, ausência de ferramentas de gestão nos escritórios, além, é claro, do desgaste físico e financeiro, pois gastava do seu próprio bolso o dinheiro com o deslocamento, telemarketing para agendar visitas, além das muitas ligações para a fabricante do sistema que estava em outro Estado. Chegou até a ter a linha de telefone cortada, mas não se abalou. Sem muita cerimonia, fez uma listagem de clientes e foi para o orelhão fazer as ligações... Telemarketing no orelhão, por dias e dias até voltar o funcionamento da linha. Problemas como estes não tiraram seu sorriso e muito menos a esperança de que um dia teria uma sede, "uma sala só minha e uma secretaria para me servir um bom cafezinho”.



Sobre a compulsão por café, nas palavras dela: “a clientela que atendia (e atendo até hoje) é especial. Então não podia me apresentar de qualquer maneira e tinha que estar sempre bem vestida, mas, em algumas vezes ou em muitas delas, sem nenhum dinheiro na carteira, nem para comer tinha que me manter em pé para trabalhar, então tomava vários cafés ao longo do dia”. Tudo isso é contado com um sorriso e uma gargalhada contagiosa.



Em 2004 ganhou um reforço de peso, mas assumindo um risco ainda maior: o marido comprou a ideia da ESG e saiu de uma grande empresa para trabalhar com ela e se tornar assim seu primeiro sócio. Agora tinha que dar certo, afinal de contas o sustento integral da família viria desse projeto!
“Por ser ele um especialista em tecnologia, criamos uma divisão de TI e com esta área passamos a integrar soluções aos clientes que precisavam de projetos específicos ou de suporte ao seu ambiente. Do ponto de vista de satisfação profissional tudo seria perfeito, não fosse o fato de não termos dinheiro para expandir a empresa e investir em uma equipe qualificada, por isso a maioria de nossos colaboradores naquela época eram juniores ou estagiários o que dificultava muito a entrega de nossos projetos. Tínhamos que acompanhar quase todos os projetos pessoalmente, cuidar da própria gestão da nossa empresa e ainda treinar incansavelmente a equipe. Como suportar tantos problemas sem ganhar dinheiro? Eu tinha uma equipe, tinha pessoas que também haviam entrado no meu sonho e acreditavam nele, agora eu não estava sozinha e minha responsabilidade havia aumentado muito, eu não tinha mais opção, eu tinha que conseguir, além disso, a ESG Corp tornava-se parte de mim Como um filho e com amor!”



A duras penas, foram pagando as contas e o salário da equipe e investindo em projetos e clientes. Claro que ajudou o fato de estarem à frente neste mercado, principalmente graças à visão que a Eliane teve ao apostar em um serviço que ainda era pouco demandado, mas de um potencial valor agregado enorme para o seu cliente. Assim como Steve Jobs, Eliane acreditou que: “muitas vezes, as pessoas não sabem o que elas querem até que você mostre a elas”.



Ao longo destes anos e a empresa foi assediada por outros fabricantes de sistemas jurídicos, mas eles acreditaram mais uma vez na ESG Corp e resolveram continuar a criar seus próprios serviços. Em 2012, após quase 10 anos, romperam a representação comercial e recomeçaram mais uma vez.



Mais experientes e já conhecidos no segmento jurídico, criaram três grandes divisões na empresa: Tecnologia da Informação, Consultoria em organização de Escritórios e Departamentos Jurídicos e Eventos. Três antigos colaboradores entraram na sociedade e contrataram uma consultoria de apoio na área de recursos humanos e coaching para os sócios, que precisariam de acompanhamento pessoal e profissional.



Hoje a ESG Corp conta com uma equipe de 33 profissionais, possui mais de 10 empresas parceiras e cerca de 20 palestrantes agregados.



A área de eventos expandiu a visibilidade da marca e projetos importantes apareceram. Seminários disseminam a Gestão Estratégica Jurídica pelo país, firmando a importância de uma gestão profissional mais estratégica e com foco nos resultados.



Segundo a própria Eliane: “a realização de nossos sonhos tem sido proporcional ao nosso talento, ao nosso comprometimento e ao nosso esforço e à minha crença de que tudo daria certo, assim como o sol que nasce todos os dias”.



E continua: “Quando sonhamos com algo e colocamos energia neste sonho, em meio às coisas ruins, acontecem coisas boas e qualquer coisa boa que aconteça parece um sinal para continuarmos. É como se fosse uma carga de energia, de sobrevida. Outra coisa que me motiva também é ver as pessoas acreditarem na empresa, dedicando-se a ela. Isso me faz sentir responsável pelos sonhos profissionais e pessoais que podem ser realizados através da minha empresa. No fundo de minha alma, o que me faz não desistir é acreditar nas minhas forças para enfrentar os problemas. Cada vez que eu caio, procuro levantar-me ainda mais forte!”


E o autoconhecimento? Onde entra? Ela responde docemente: “autoconhecimento é fundamental, pois quanto antes você identificar suas forças e fraquezas mais cedo poderá usa-las a seu favor. O autoconhecimento é uma bússola! Conhecendo nossas aptidões, temos mais chances de focar o que realmente gostamos de fazer. Passamos a maior parte do tempo no trabalho, e vale lembrar que, como empresária nem sempre faço apenas o que gosto.”


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