Qualquer pessoa que me conheça
por poucos minutos que seja rapidamente concluiria que sou extrovertida. Sou
falante e barulhenta (sim porque além de muito eu falo alto!). Já pensei até em
fazer fono para engrossar a voz pois sei o quanto posso ser irritante e
estridente... sou capaz de falar por horas e horas a fio e isso desde muito
nova. Uma daquelas histórias familiares que rendem risadas (mais dos outros do
que minhas) é de quando eu e meu avô viajamos para visitar o irmão dele em
Anápolis. Eu devia ter uns 3 ou 4 anos e a viagem de São Paulo a Anápolis de
ônibus era de 14 horas. Meu avô é surdo dos dois ouvidos e usa aparelho.
Segundo a lenda urbana eu fui falando de São Paulo até lá sem perceber que ele
estava com ambos os aparelhos desligados e sequer estava prestando atenção ao
que tinha a dizer!
Ser extrovertida tem sim algumas
vantagens. Falo para uma plateia de 200 pessoas com a mesma facilidade com que
converso com uma amiga de anos. Também me viro fácil em qualquer ambiente em
que eu não conheça absolutamente ninguém. Sou uma ótima companhia para levar a
happy hour do escritório ou como acompanhante em casamentos pois jamais vou
ficar deslocada e provavelmente sairei de lá com mais amigos do que a pessoa
que me levou. É claro que ser introvertido
também tem muitas vantagens e hoje aliás se fala cada vez mais sobre isso e
sobre como a introversão pode ser um diferencial competitivo no mercado de
trabalho e até no relacionamento.
Dei um Google com o seguinte
termo: “desvantagens de ser extrovertido” e por alguma razão só aparecem
desvantagens de ser tímido e comparações sobre os pros e contras de uma coisa e
da outra. Existe porém uma desvantagem essencial na extroversão da qual pouco
se fala e que, pelo menos para mim, é bastante incomoda que é o fato de não nos
ser permitido silenciar.
Sim, ninguém se incomoda ou se
choca com a extroversão ocasional do tímido. Mas tente você ser falante querer
ficar quieto no seu canto por um dia... Sério! É um tormento! “O que você tem?”
“Você tá bem?” “O que aconteceu?” “Que cara é essa?” “Nada, só quero ficar um
pouco quieta na minha” “Mas por que? Aconteceu alguma coisa né?” e assim por
diante... Toda vez é a mesma coisa!
Sim, às vezes estamos quietos porque realmente aconteceu alguma coisa, às vezes não. Mas eu fico me perguntando: o fato de eu ser falante me obriga a falar sempre? Não me lembro de ter feito nenhum tipo de promessa de compartilhar tudo e absolutamente tudo que acontece dentro dessa cabecinha fervilhante.
O mais intrigante é que às vezes
você está mais quieta justamente porque dias antes recebeu um feedback de que
precisa falar menos em determinadas situações e, sendo um ser com semancol mínimo,
resolveu aplicar-se nesta tarefa (já falei aqui sobre como me esforcei muito para ser uma pessoa mais silenciosa em todos os
sentidos) e, com muita força de vontade, engolir o máximo de pensamentos que lhe
vêm à cabeça nesse esforço hercúleo de reduzir a quantidade de palavras por
dia. Aí justamente a mesma pessoa que te deu o dito feedback vem te perguntar “o
que aconteceu que você tá quieta?” PQP sério mesmo??? Bora se decidir se querem
que eu fale ou não! Afe!
Momentos de introversão são
essenciais a todos nós e são neles que normalmente tenho importantes insights. Não me vejo jamais sendo uma
pessoa tímida e hoje após bastante terapia e algumas várias porradas sou feliz
e grata por ser do jeito que sou mas o desabafo vai para que introvertidos
saibam que extrovertidos também sofrem e algumas vezes sofrem em silêncio...
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