sexta-feira, 8 de maio de 2015

Sobre o dia das mães, a paciência e o amor...


Eu tinha muita convicção de que no dia das mães de 2015 eu já seria mãe. Fosse com um bebê no colo, fosse com um na barriga eu estava bastante convencida de que neste domingo estaríamos todos reunidos lá em casa não apenas para celebrar as nossas mães mas o nascimento de uma nova mãe (no caso eu!). Pois é, ainda não foi neste ano e, curiosamente, a sensação que tenho não é de tristeza nem de auto lamentação. Muito pelo contrário!

Desde que resolvi cancelar a vídeo laparoscopia e deixar a natureza agir no seu tempo, desde que percebi o quão desconectada estive por tantos anos da minha energia feminina e, principalmente desde que comecei a me conectar a ela, uma paz e tranquilidade nunca antes experimentadas tomaram conta do meu ser.

Em alguns grupos de que faço parte vejo muitas mães dizerem que querem parto natural mas “que se passar de 40 semanas vão induzir ou marcar a cesárea”. Ou seja: queremos esperar o tempo do bebê desde que seja dentro do nosso tempo! Foi aí que me dei conta de que eu estava de certa forma fazendo a mesma coisa. Como teria paciência para esperar o tempo do parto se não estava tendo paciência nem para esperar o tempo da concepção?

Não vou ser hipócrita e dizer que a ansiedade passou por completo pois em alguns momentos bate sim um friozinho na barriga por conta da demora (o marido que o diga!), mas estou encarando tudo isso como mais uma prova de amor e sabedoria do Universo. Estou enxergando uma oportunidade única de me preparar para ser uma mãe mais consciente de seu papel no planeta, uma mãe com um corpo conectado ao seu espírito que por sua vez começa a se conectar ao Todo. 

Como lamentar-me dessa oportunidade? Como negar esse privilégio tão raro que estou tendo? Minha mãe mesma não o teve. Não pôde se preparar para ser mãe nem na minha gravidez nem na do meu irmão. Foi surpreendida e abandonada de diferentes formas nas duas circunstancias. Foi julgada, foi questionada e humilhada como nenhuma mulher deveria ser, muito menos uma prestes a gerar outra vida.

Tenho pensado muito no meu parto e em como deve ter sido difícil aquele momento tão ambíguo para uma menina assustada de apenas 20 anos sozinha em um hospital frio em pleno inverno paulistano. Sei que ela me desejava de alguma forma e por mais difícil que tenha sido estou certa de que o meu nascimento foi um dia feliz, mas fico imaginando todas as dúvidas e incertezas que devem ter surgido na cabeça dela enquanto nos olhávamos pela primeira vez. A responsabilidade, o medo, a solidão mas também a emoção e a alegria. Certamente não foi um mar de rosas e o nosso relacionamento não é perfeito e nem isento de altos e baixos. Não faltam divergências e mágoas na mesma proporção em que não faltam amor, perdão e acolhimento. Ao imaginar a madrugada de 12 para 13 de julho e aquela menina assustada de olhos verdes não sinto nada que não seja um amor e uma gratidão profundos não apenas pelo dia em que nasci, mas por tantos outros que me trouxeram até aqui.


Tudo bem, o dia das mães é apenas uma data comercial, mas como todas as datas deste tipo nos traz inevitavelmente a uma reflexão e à celebração. Celebro hoje então não apenas a minha mãe e a gratidão que sinto por ela, mas a mãe que estou me tornando. Sim, pois ainda que este bebê não tenha sido fisicamente gerado ainda, este tempo tem servido para gerar a mãe dele. Para que exercite a paciência, a tolerância, a serenidade e diminua o tom de vibração dos meus sentidos.

Compartilho aqui com vocês então uma carta que surgiu do meu coração para o do meu futuro bebê e que me enche de paz e tranquilidade toda vez que a releio.  

Feliz dia das mães a todas as mamães, avós e futuras mamães!

Meu amor,
Sabe, eu nunca de verdade sonhei em ser mãe. Sempre via essa possibilidade como algo que fazia parte do ciclo natural das coisas, mas até pouco tempo atrás eu não sabia o que era exatamente esse desejo que tantas de minhas amigas e mulheres, próximas ou não, descreviam.

E então, como em um passe de mágica esse desejo por você veio! E comecei a imaginar seu rostinho, seu jeito especial de ser e o como eu e seu pai poderíamos transbordar o nosso amor em um novo serzinho que terá suas próprias experiências e visão de mundo e certamente nos ensinará tanto...

E esse desejo foi crescendo aos pouquinhos aqui dentro ao mesmo tempo em que fui me preparando e amadurecendo para te receber. Minha visão de vida e de mundo começou a mudar... este plano pareceu não bastar mais, a matéria se tornou insuficiente, ao passo que sonhar com você se tornou algo doce e reconfortante. Não vou dizer “por” você, mas “graças” a você, sim me tornei uma pessoa melhor!

Um dia você vai saber que a minha infância não foi das mais fáceis, que eu sofri coisas que nenhuma criança merece sofrer, mas vai saber também que não me amargurei, que o mundo e o Universo continuaram sendo bons para mim. Me trouxeram seu pai, meu grande amor e companheiro de jornada e me trouxeram você! Que eu já amo com todo o meu coração e com forças que eu não sei de onde vem. É isso que eu quero que você se lembre e saiba ao longo desta jornada terrena: a vida nem sempre é fácil, o mundo muitas vezes é cruel e a caminhada pode ser espinhosa e dura, mas ainda assim vale a pena, pois as surpresas que podemos encontrar no meio desse caminho compensam todas as dores e todas as lagrimas.

O calor de um abraço, a suavidade de um beijo de amor... é tão lindo meu amor! O aconchego de um colo que nos compreende, de uma palavra amiga... tão doce... que suplanta qualquer amargura.

E nesta carta quero te prometer que algumas coisas farão a sua vida valer a pena mesmo quando estiver com o coração e alma aquebrantados. E quero que você saiba que SEMPRE SEMPRE poderá contar comigo, pois estarei ao seu lado para os momentos mais duros e também os mais felizes.

Irei errar, irei falhar, com certeza por vezes irei te decepcionar e você perceberá que mães são humanas e esse é um dos primeiros e mais doloridos momentos da nossa existência. Mas é também nesse momento que nos tornaremos amigos, que nos tornaremos parceiros e sei que você me ensinará muito mais do que eu tenho a lhe ensinar, mas você também irá descobrir que nada nesse mundo é maior do que o amor de mãe. E eu já sinto isso por você antes mesmo de te ter aqui.

Aproveite essa jornada para desfrutar de cada segundo da forma mais plena e para caminhar em direção à evolução espiritual que nos traz a esta terra.

Então aí vão alguns conselhos com muito amor:
  1. Corra até perder o fôlego sempre que possível;
  2. Coma um pudim de leite (de preferência da sua vó Rosa) até ficar com a barriga doendo e ter que abrir o botão da calça;
  3. Dê risada, gargalhe, sorria... mesmo que seja artificial, o sorriso alegra o corpo...
  4. Leia o máximo que conseguir! Isso fará seu mundo ser muito maior do que apenas este que nós vemos...
  5. Faça carinho em um bichinho sempre que possível! Eles são criaturas puras nesta terra que nos reconectam com a mãe natureza!
  6. Use as roupas e os brinquedos novos na hora... e sempre... não guarde para amanhã! O amanhã é uma ilusão!
  7. Não se preocupe em se sujar... preocupe-se em não aproveitar!
  8. Beije e abrace sempre que tiver vontade e NUNCA o faça se não o tiver... nem que a mamãe ou o papai peçam! O seu corpo é o templo sagrado da sua alma e ele é só seu. Não deixe que mais ninguém te dê ordens sobre ele ou ultrapasse os limites por você impostos! Também não deixe que te digam que ele é sujo ou pecaminoso. Seja livre para fazer dele o que tiver vontade!
  9. Não se prenda às convenções sociais meu amor! A vida é curta demais para nos preocuparmos com a opinião alheia.
  10. Preocupe-se sim e muito com a sua consciência! Respeite-a! Não force seu limite... o limite da ética se alarga com facilidade e quando menos esperamos estamos tendo condutas egoístas e que contrariam o bem e a generosidade.
  11. E por falar em generosidade, seja generoso! Se doe! Entregue-se... tudo volta... e volta em dobro! 
  12. A sombra e a escuridão são necessárias para que o brilho do sol seja tão lindo e encantador! Aceite-as! Abrace-as!
  13. Ame com toda a sua alma e com cada célula do seu corpo pelo menos uma vez na vida! O frio na barriga de um grande amor é a experiência mais próxima do divino que podemos ter nessa terra!
  14. Perdoe!
  15. Dance!
  16. Sonhe... não deixe nunca que subestimem ou apequenem seus sonhos! Nem mesmo a mim e ao seu pai que tanto te amamos! Ninguém mais sabe dos seus desejos como você...
  17. Coloque-se no lugar do outro... sofra a dor do outro e celebre a conquista do outro... isso nos torna vulneráveis. Nos torna humanos, nos torna vivos! 

Eu já te amo e mal posso esperar para ter você em meus braços, para lhe dar mamar e para ver seus primeiros passinhos... suas primeiras palavras. Sei que teremos longas noites juntos, que debateremos muito e também nos magoaremos as vezes. Sei que haverá momentos em que eu serei a última pessoa que você vai querer ver, mas sei que esse vínculo que temos desde agora, esta sensação de te ter aqui sabendo que você ainda é apenas uma célula de amor no meu coração, é algo que eu não tenho como descrever! Espero que você venha como tem que vir e que eu seja a melhor mãe que você poderia ter! Sei que farei o meu melhor...

Te amo e te desejo. Deixo aqui uma música que descreve o meu sentimento neste momento e que estou ouvindo enquanto escrevo esta carta! (espero que o Youtube ainda exista quando você tiver aprendido a ler!)


Muitas outras cartas ainda virão... pois essa é outra coisa que você logo aprenderá sobre a sua mamãe: ela é super tagarela e adora escrever!
Um beijo de sua mãe,
Tayná

PS: venha no seu tempo... não há pressa no amor! 

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